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Trabalhadores da TAAG em rota de colisão com administrador inglês

Os trabalhadores da companhia aérea angolana queixam-se de ser alvo de uma política de intimidação por parte do presidente da companhia, Peter Hill. O inglês diz que tem um mandato do Presidente da República.

22 de Novembro de 2016 às 12:17
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Um grupo de trabalhadores não identificados da TAAG, companhia aérea angolana, entrou em rota de colisão com a administração liderada pelo inglês Peter Hill. Numa carta enviada ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, citada pelo semanário angolano Novo Jornal, estes trabalhadores queixam-se de uma "política de intimidação, de ostracismo laboral e de caça às bruxas".

Peter Hill foi nomeado presidente do conselho de administração da TAAG em Agosto de 2015 no âmbito do acordo assinado com a Emirates Airlines, através do qual o Governo angolano atribuiu a esta companhia a gestão da sua transportadora nacional entre 2015 e 2019.

O contrato assinado entre as autoridades angolanas e a Emirates tem como metas a introdução de uma "gestão profissional de nível internacional", a melhoria "substancial da qualidade do serviço prestado" e a inversão da situação financeira da TAAG que em 2014 havia registado um prejuízo de 99 milhões de dólares (93,2 milhões de euros).

Em Novembro do ano passado, num encontro com directores da TAAG, Peter Hill, definiu os seus objectivos. "Não podemos aceitar fraco desempenho, absentismo, negligência ou indisciplina. O nosso negócio é transportar passageiros e gerar receita em vez de custos" avisou na altura o gestor inglês, acrescentando que não haveria "retorno aos velhos tempos de performance indiferente, de enganar a companhia e de apropriação indevida dos fundos da companhia e de equipamentos" .

Agora, os trabalhadores da TAAG signatários da carta reagem, denunciando aquilo que classificam como "os salários fabulosos e regalias excessivas para os expatriados" da companhia".

Em Outubro deste ano, numa entrevista ao jornal angolano Valor Económico, Peter Hill, anunciou que desde a sua chegada à TAAG, a companhia angolana já conseguiu economizar 120 milhões de dólares. Um mérito que os trabalhadores retiram ao gestor inglês. "A ser verdade, é porque os actuais gestores encontraram uma TAAG bem estruturada, bem organizada e à altura de competir com qualquer companhia de referência regional e intercontinental", sustentam na referida carta.

Ao Valor Económico, Peter Hill explicou a vantagem de ser um estrangeiro a proceder à reestruturação da TAAG. "É mais fácil para mim implementar a mudança, do que seria para um angolano. Porque o angolano seria pressionado por todos os tipos de pessoas e interesses externos. Quanto a mim, realmente tive a vida facilitada. Quando se coloca algum tipo de pressão de alguém do Governo para fazer determinada coisa, respondo: eu tenho um mandato do Presidente, que me diz que isso tem de acontecer como um negócio. Eu simplesmente indico isso, quando alguém me desafia, inquirindo porque faço isso ou aquilo. Quando lhes digo isso, eles recuam", argumentou o gestor.


Os trabalhadores, por seu turno, consideram que existe uma tentativa de "clarear a imagem dos técnicos expatriados utilizando as conquistas do trabalho dos sacrificados angolanos para servir de pomada para abrilhantar o tão escurecido e invisível trabalho dos estrangeiros".

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