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FMI: Angola em recessão este ano com PIB a contrair 1,7%

A economia de Angola deve contrair-se 1,7% este ano, depois de uma recessão de 0,2% em 2017, e as reservas internacionais devem cobrir 3,5 meses de importações, considera o Governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

José Sena Goulão/Lusa
20 de Dezembro de 2018 às 10:40
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De acordo com um conjunto de documentos colocados no site da organização internacional, o Produto Interno Bruto (PIB) real deve contrair-se em 1,7%, acentuando os 0,2% negativos de 2017, reflectindo um declínio na produção de gás e petróleo, mas o PIB não petrolífero, no entanto, deve registar uma ligeira recuperação, motivada pelo aumento da actividade na agricultura, construção e sector da energia".

 

A previsão de recessão de 1,7% consta de uma declaração assinada pelo diretor do FMI para Angola, Dumisani Hebert Mahlinza, e pelo representante do Governo angolano no grupo africano no Fundo, Jorge Essuvi, e agrava a revisão feita pelo Governo em Novembro, quando antecipava uma recessão de 1,1%, bem distante dos 4,9% de crescimento previstos para Angola no início do ano pelas autoridades.

 

Entre as previsões avançadas agora pelo FMI e pelo Governo na declaração conjunta, o valor para as reservas internacionais líquidas é também revisto em baixa para cobrir 3,5 meses de importações no final deste ano.

 

A inflação, por outro lado, depois de descer para 18,04% em Outubro face ao mesmo mês de 2017, "apesar da forte depreciação do kwanza contra o dólar desde Janeiro deve chegar a cerca de 22% no final de Dezembro, como resultado da evolução da taxa de câmbio".

 

No documento, que sintetiza também as principais medidas já acordadas entre o Governo e o FMI, lê-se também que "a economia angolana começou um ciclo de recuperação gradual desde a experiência dos preços baixos do petróleo em 2014, e deve, por isso, crescer entre 2019 e 2021, até 3,2%".

 

As autoridades, conclui a declaração do FMI, "continuam empenhadas numa visão de contenção orçamental moderada, focada numa inversão do rádio da dívida sobre o PIB, com o objectivo de se aproximar dos 65%", o que representa uma redução face aos cerca de 80% calculados pelo FMI em Outubro, quando publicou as Previsões Económicas Mundiais.

 

O Conselho Executivo do FMI aprovou no início deste mês, em Washington, o Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility - EFF, na sigla inglesa), que visa apoiar as reformas económicas em curso em Angolanos próximos três anos, tendo como base o Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM) e o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022.

 

"O EFF pretende, assim, apoiar os esforços de melhoria da governação, reduzir os riscos associados às empresas estatais, corrigir os obstáculos estruturais à competitividade e melhorar o acesso ao financiamento, aspectos que, entre outros, são considerados fundamentais para acelerar o crescimento económico liderado pelo setor privado", sublinha-se no comunicado de imprensa distribuído no dia 7 deste mês.

 

Segundo o Ministério das Finanças angolano, o programa acordado entre Angola e o FMI ajudará também o país a "restaurar a sustentabilidade fiscal e externa" e "lançará as bases para uma diversificação económica sustentável".

 

"Os pilares críticos do programa incluem a consolidação fiscal para levar a dívida a níveis mais seguros, uma maior flexibilidade da taxa de câmbio para recuperar a competitividade e o apoio à política monetária para reduzir a inflação", lê-se no texto.

 

Outros pilares do programa incluem o fortalecimento do sistema bancário, "permitindo melhorar o ambiente de negócios", assim como actualizar o quadro legal do combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

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