Notícia
Fitch desce 'rating' de Angola para CCC indicando possível 'default'
A agência de notação financeira Fitch Ratings desceu esta sexta-feira o 'rating' de Angola para CCC, indicando que há uma possibilidade real de Incumprimento Financeiro ('default'), devido ao significativo aumento da dívida pública e deterioração das finanças públicas.
04 de Setembro de 2020 às 17:00
"A descida do 'rating' reflete o significativo aumento na dívida pública, a reduzida flexibilidade do financiamento externo, como é evidente na forte subida dos juros da dívida, e a decrescente liquidez externa", diz a Fitch Rating na explicação da ação de rating, que surge menos de seis meses da última revisão em baixa, em março.
"A sustentabilidade da dívida pública piorou e as debilitadas finanças públicas vão inibir as autoridades de baixarem significativamente o nível da dívida durante os próximos dois anos", argumentam, prevendo que no final deste ano o rácio da dívida sobre o PIB suba para 129%, o que representa "850% das receitas do Governo, mais do dobro da média dos países com rating B, com 356%, e é indicativo das dificuldades de Angola em aumentar a receita não petrolífera".
Para os analistas desta agência de 'rating' detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, "a combinação dos baixos preços do petróleo e os cortes na produção devido ao acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo vai baixar as receitas petrolíferas em 3 a 4 pontos percentuais do PIB face ao valor de 2019", fazendo o custo de servir a dívida subir para 48,3% do total da receita, mais do triplo da média dos países a que a Fitch atribui o 'rating' de B.
Mesmo prevendo um aumento do défice de 3,5% em 2019 para 4,3% este ano, a Fitch Ratings estima que o valor melhore nos próximos anos com a recuperação dos preços do petróleo e as novas medidas fiscais adotadas pelo Governo de João Lourenço, "mas a dinâmica desfavorável da dívida vai manter o peso da dívida alto", acima dos 120% até 2022.
O custo de servir a dívida pública de Angola deverá aproximar-se dos 7 mil milhões de dólares [quase 6 mil milhões de euros], ou 12,3% do PIB, este ano, mas 2,5 mil milhões de dólares [2,1 mil milhões de euros] em dívida bilateral deverá ser reestruturada, no seguimento do acordo alcançado com o Clube de Paris, que servirá de exemplo para outros credores oficiais, nomeadamente a China, que detém mais de 40% da dívida externa do país, acrescenta a Fitch Ratings.
Os restantes 4,4 mil milhões de dólares [3,7 mil milhões de euros] deverão ser pagos "através de uma combinação de empréstimos multilaterais, recurso ao fundo soberano e às reservas externas".
Assim, concluem, "o país deverá conseguir garantir as suas necessidades externas de financiamento este ano, mas a globalidade da posição externa da economia de Angola vai continuar a enfraquecer, o que aumenta o risco de um evento de incumprimento financeiro ['default', no original em inglês] nos próximos anos".
"A sustentabilidade da dívida pública piorou e as debilitadas finanças públicas vão inibir as autoridades de baixarem significativamente o nível da dívida durante os próximos dois anos", argumentam, prevendo que no final deste ano o rácio da dívida sobre o PIB suba para 129%, o que representa "850% das receitas do Governo, mais do dobro da média dos países com rating B, com 356%, e é indicativo das dificuldades de Angola em aumentar a receita não petrolífera".
Mesmo prevendo um aumento do défice de 3,5% em 2019 para 4,3% este ano, a Fitch Ratings estima que o valor melhore nos próximos anos com a recuperação dos preços do petróleo e as novas medidas fiscais adotadas pelo Governo de João Lourenço, "mas a dinâmica desfavorável da dívida vai manter o peso da dívida alto", acima dos 120% até 2022.
O custo de servir a dívida pública de Angola deverá aproximar-se dos 7 mil milhões de dólares [quase 6 mil milhões de euros], ou 12,3% do PIB, este ano, mas 2,5 mil milhões de dólares [2,1 mil milhões de euros] em dívida bilateral deverá ser reestruturada, no seguimento do acordo alcançado com o Clube de Paris, que servirá de exemplo para outros credores oficiais, nomeadamente a China, que detém mais de 40% da dívida externa do país, acrescenta a Fitch Ratings.
Os restantes 4,4 mil milhões de dólares [3,7 mil milhões de euros] deverão ser pagos "através de uma combinação de empréstimos multilaterais, recurso ao fundo soberano e às reservas externas".
Assim, concluem, "o país deverá conseguir garantir as suas necessidades externas de financiamento este ano, mas a globalidade da posição externa da economia de Angola vai continuar a enfraquecer, o que aumenta o risco de um evento de incumprimento financeiro ['default', no original em inglês] nos próximos anos".