Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Sócrates continua preso por “ressentimento” das autoridades

Numa carta com o título "Ressentimento", enviada ao Diário de Notícias e à TSF, o antigo primeiro-ministro defende que o poder que foi exercido sobre si pelas autoridades judiciárias "não foi o do direito, mas o da força".

12 de Junho de 2015 às 10:24
  • 101
  • ...

José Sócrates acusa o juiz Carlos Alexandre e o procurador responsável pela investigação da Operação Marquês, Rosário Teixeira, de tomarem decisões motivados pelo ressentimento.

 

É essa a justificação avançada pelo antigo primeiro-ministro, numa carta enviada ao Diário de Notícias e à TSF, para explicar a decisão do Ministério Público de manter a medida de coacção mais grave – a prisão preventiva – depois de Sócrates ter recusado a vigilância electrónica.

 

"Nunca deixará de me surpreender o efeito do ressentimento no comportamento humano. Julgo não me enganar quando vejo o ressentimento como causa do acinte e do azedume tão evidentes nas recentes decisões do Senhor Procurador da República e do Senhor Juiz de Instrução", defende José Sócrates na carta que tem como título "Ressentimento".

 

O antigo chefe do Governo acrescente que é "extraordinário" que esse ressentimento resulte do facto de se ter limitado "a exercer um direito que a lei concede – dizer não a ser vigiado por meios electrónicos". "Como se, para estas autoridades judiciárias, o exercício legítimo de direitos constitua uma impertinência, um desaforo, um desrespeito para com a justiça", continua.

 

José Sócrates acredita que foi vítima da "força" que, na verdade, só expõem fraquezas. "Lamento dizê-lo, mas o poder que exerceram não foi o do direito, mas o da força. Todavia, não raro o excesso, de força e de ressentimento, atraiçoa – há excessos de força que só expõem fraqueza. Tal é o caso e este é o ponto a que chegámos", conclui o socialista.

 

No âmbito do reexame dos pressupostos das medidas de coação, cujo prazo terminou na terça-feira, Rosário Teixeira, propôs a alteração da medida de coacção aplicada ao ex-primeiro-ministro. Este, em vez de se manter em prisão preventiva, poderia ir para casa, ficando em prisão domiciliária com pulseira electrónica, à semelhança do que aconteceu já com o arguido Carlos Santos Silva.

 

No entanto, José Sócrates não deu o seu consentimento, que, no caso de pulseira electrónica, é exigido por lei. A alternativa seria ir para casa, mas sem pulseira electrónica – eventualmente com vigilância policial – ou manter-se em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora, onde se encontra desde Novembro passado.

Rosário Teixeira entendeu que subsiste "nesta fase da investigação, de forma significativa, o perigo de perturbação do inquérito - de perturbação da recolha e da conservação da prova" e também, "ainda que de forma mais diminuta, o perigo de fuga". Por estes motivos, o Ministério Público propôs a manutenção da prisão preventiva, uma proposta que foi acolhida
pelo juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) de Lisboa.

Ver comentários
Saber mais José Sócrates Carlos Alexandre Operação Marquês Rosário Teixeira Ministério Público Carlos Santos Silva Estabelecimento Prisional de Évora
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio