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Lagarde vai mesmo a julgamento no caso Tapie
Uma possível condenação colocaria em risco a sua continuidade à frente do FMI, instituição onde iniciou em Fevereiro um segundo mandato de cinco anos. Lagarde pode enfrentar um ano de prisão e a uma multa de 15 mil euros.
A ex-ministra francesa das Finanças e actual directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) vai mesmo ser presente a julgamento em França pela forma como lidou com o caso Tapie, que resultou no pagamento de 404 milhões de euros pelo Estado.
O Tribunal de Cassação – a mais alta instância judicial em França - validou uma decisão judicial anterior que estabelecia que Christine Lagarde fosse presente à justiça por suspeitas de negligência neste processo.
Uma condenação poderá colocar em risco a sua continuidade à frente do FMI, instituição onde iniciou, em Fevereiro, um segundo mandato de cinco anos. Lagarde pode ser condenada a um ano de prisão e a uma multa de 15 mil euros por negligência em funções públicas, de acordo com a Reuters.
"Estou convencido que o tribunal não vai reconhecer as alegações de negligência", disse em comunicado o advogado da líder do FMI, Patrick Maisonneuve. O FMI já veio entretanto manifestar "confiança" em Lagarde para continuar a desempenhar as suas funções depois de conhecida a decisão de a levar a julgamento.
O empresário Bernard Tapie envolveu-se numa disputa com o banco público francês Crédit Lyonnais pela venda da Adidas em 1993. Um diferendo que só viria a ser resolvido em 2008 por iniciativa de Lagarde. A então ministra das Finanças enviou o assunto para um tribunal arbitral que decidiu o pagamento de uma indemnização estatal de 403 milhões de euros a Tapie.
Em 2011, um tribunal francês abriu uma investigação à actual directora-geral do FMI para apurar se Lagarde terá favorecido Tapie. Três anos mais tarde, a ex-ministra passou de testemunha a acusada do crime de negligência. Em Fevereiro do ano passado, a decisão de indemnizar Tapie foi anulada.
Apesar do procurador-geral francês ter defendido não haver razão para levá-la a julgamento, os magistrados do Tribunal de Justiça da República decidiram em sentido contrário em Dezembro. Na altura Lagarde anunciou recurso para o Tribunal de Cassação, que agora não teve provimento.