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Irmão do publicitário das campanhas de Passos é que estará envolvido na Lava Jato - Observador

De acordo com o Observador, a justiça portuguesa também ainda não recebeu qualquer pedido de cooperação do Brasil sobre a actuação de André Gustavo ou do seu irmão, como a notícia do jornal Público sugere.

Negócios 28 de Abril de 2016 às 11:54
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António Carlos Vieira da Silva Júnior é irmão e sócio de André Gustavo Vieira da Silva — director de campanha do PSD nas legislativas de 2011 e de 2015 — na empresa Arcos Propaganda, e foi ele quem, em Março, foi conduzido para prestar esclarecimentos à Polícia Federal brasileira no âmbito Operação Lava Jato.

 

Segundo escreve o Observador, António Carlos foi alvo de um mandado de condução coerciva emitido pelo juiz Sérgio Moro por suspeitas de estar envolvido na recepção de cerca de três milhões de reais (cerca de 752,8 mil euros) em numerário com origem na Odebrecht.

No relatório da PF, António Carlos é referido como sendo "director superintendente da empresa Arcos Comunicação, Lda", sendo que esta empresa (que, na realidade, chama-se Arcos Propaganda), é referida da seguinte forma: Em consultas a fontes abertas, a Arcos Comunicação é mencionada por sua atuação, na pessoa de André Gustavo Vieira da Silva (filho de António Carlos), em campanha eleitoral em Portugal. André Gustavo foi aparentemente convocado para a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento], em agosto/2015, visando a prestar esclarecimentos quanto ao contrato entre BNDES e a Arcos Comunicação e seu possível vínculo com Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT [Partido dos Trabalhadores], condenado no [caso] Mensalão", lê-se no relatório da Polícia Federal.

Delúbio Soares, que antes de cair em desgraça com o caso Mensalão foi uma das principais figuras do PT, terá sido padrinho de casamento de André Gustavo. Já o BNDES é um banco de fomento detido pelo Estado brasileiro. O relatório da PF menciona que André Gustavo é filho de António Carlos mas, na realidade, os dois são irmãos, esclarece o Observador.


Contactado pelo jornal online para esclarecer o envolvimento do seu irmão e da empresa Arcos Propaganda na Operação Lava Jato, André Gustavo afirmou que "as referências foram ao meu irmão e sócio António Carlos Vieira da Silva Jr e não à Arcos", sendo que António Carlos "foi levado a prestar esclarecimentos a fatos desconhecidos pelo mesmo", tendo sido dispensado em "40 minutos após prestar os devidos esclarecimentos ". "A Arcos Propaganda não foi citada, convocada ou investigada em nenhum momento em relação à ‘Operação Lava Jato’ nem nenhum dos seus outros quatro sócios", assegurou André Gustavo. O principal sócio da Arcos frisou ainda que a empresa tem 38 anos de actuação no mercado nacional, sem nunca ter sido chamada a prestar qualquer tipo de esclarecimento sobre qualquer operação/investigação. E que opera há 38 anos com o mesmo número de contribuinte, sem ter ou registar problemas fiscais, tributários, trabalhistas, previdenciários ou bancários", afirmou. Sobre as referências à campanha que realizou em Portugal (onde destaca que "só tem ou trabalhou para um único cliente: o PSD") no relatório da PF, André Gustavo desvaloriza a questão: "Quanto às ‘consultas a fontes abertas’, são informações sem qualquer procedência. Uma vez que nunca fui ou a Arcos foi alvo, como já falei, de qualquer convite a prestar mínimos esclarecimentos", concluiu.


O jornal Público noticiou ao início da noite desta quarta-feira que "os investigadores brasileiros pediram informações ao Ministério Público sobre a actuação de André Gustavo em Portugal, onde teve como único clente o PSD". Mais à frente na notícia, o jornal refere que a Procuradoria-Geral da República apenas lhes confirmou "a recepção de três cartas rogatórias inseridas no âmbito da designada Operação Lava Jato", que "uma já foi devolvida" e "as restantes encontram-se em execução", tendo fonte oficial esclarecido que "não revela o teor dos pedidos de cooperação".

Ao que o Observador diz ter apurado, o Ministério Público não recebeu nenhum pedido de cooperação judiciária internacional do Brasil relacionada com a Operação Lava Jato que mencione o nome de André Gustavo ou do seu irmão António Carlos. O que não quer dizer que não venha a acontecer, assim que o Supremo Tribunal Federal brasileiro decidir o que fazer à 23ª fase e à 26ª fase da Operação Lava Jato.

A 23ª fase consistiu na detenção de João Santana, homem das campanhas do Partido dos Trabalhadores que levou Dilma Rousseff a vitória nas presidenciais, e da sua mulher, Mónica Moura. Ambos foram detidos por suspeitas de terem recebido cerca de 22,5 milhões de reais (5,6 milhões de euros) da Odebrecht no Brasil e 7,5 milhões de dólares (6,6 milhões de euros) na Suíça.

O Ministério Público Federal do Brasil considera ter fortes indícios de que a empresa construtora Odebrecht tinha uma contabilidade paralela que atesta o pagamento regular de alegadas "propinas" (subornos) a titulares de cargos políticos e públicos. É neste contexto que surgiram notícias de que entre Março a Abril de 2015 a Odebrecht fez seis transferências num total de quase 750 mil euros em alegados subornos relacionados com a barragem do Baixo Sabor, obra realizada em parceria com o Grupo Lena para a EDP, aprovada por José Sócrates.

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