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Publicitário da campanha de Passos citado na Lava Jato - Público
André Gustavo é próximo de João Santana, o publicitário do PT por detrás das campanhas de Dilma e Lula que está detido. Escreve o Público que, em Portugal, só trabalhou para o PSD, designadamente nas campanhas de Passos Coelho.
André Gustavo, sócio da Arcos Propaganda, é um publicitário brasileiro que surge mencionado na 23.ª fase da operação Lava Jato e que em Portugal só trabalhou para o PSD, designadamente para as campanhas eleitorais de Pedro Passos Coelho, escreve o Público.
Segundo o jornal, os investigadores brasileiros pediram informações ao Ministério Público sobre a actividade do publicitário em Portugal.
"Em consultas a fontes, a Arcos Comunicação é mencionada por sua actuação, na pessoa de André Gustavo Vieira da Silva [conhecido por André Gustavo], em campanha eleitoral em Portugal", pode ler-se nos autos emitidos já em Março de 2016 pela Polícia Federal do Estado do Paraná, citado pelo Público.
A associação a Portugal surge por causa da presença do publicitário no país, entre 2011 e 2015. Nesse período, André Gustavo prestou serviços ao PSD como conselheiro de marketing de Passos Coelho e estratega das duas últimas campanhas eleitorais para a Assembleia da República.
André Gustavo e o PSD dizem desconhecer o pedido de informações das autoridades brasileiras. Já a Procuradoria-Geral da República confirma que, até ao momento, recebeu três cartas rogatórias das autoridades brasileiras no âmbito da Lava Jato, mas recusa dizer sobre que matérias, esclarecendo apenas que "uma já foi devolvida" e "as restantes encontram-se em execução".
O Público escreve saber que um desses pedidos remete para a actuação de José Sócrates no tempo da venda, pela PT, dos 50% que detinha na Vivo à Telefónica e para o posterior cruzamento de participações entre a Oi e a operadora portuguesa. Essa carta rogatória, ou pedido de cooperação, fora enviada devido a "suspeitas relacionadas com movimentos destinados a facilitar autorizações políticas nos quais o BNDES – o banco estatal brasileiro – é dado como financiador", acrescenta o jornal.
No centro desta 23.ª fase da investigação da Lava Jato está João Santana, publicitário que trabalhou com Dilma e Lula, e a quem André Gustavo se refere, segundo o Público, como a pessoa "que me ensinou tudo". Santana está a ser investigado devido a uma conta bancária na Suíça com movimentos que o ligam à Petrobras e à construtora Odebrecht, de novo por intermédio do BNDES.
Se em Portugal, André Gustavo (aparentemente) só teve um cliente, o PSD, no Brasil apoiou a eleição de políticos da esfera do actual Governo brasileiro. E o seu nome aparece conectado com o BNDES que está hoje no centro de polémica por financiar políticos e grupos privados do universo do Partido dos Trabalhadores. Escreve o Público que está é uma ligação que a Polícia Federal do Paraná quer clarificar, assim como o "seu possível vínculo com Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT, condenado no Mensalão".
Segundo o jornal, o único registo empresarial de André Gustavo em Portugal é uma empresa unipessoal que constituiu em Outubro de 2013, em Lisboa, cujo objecto social é a compra, venda e arrendamento de imóveis. Existe ainda referência a um imóvel arrendado a Miguel Relvas, o que foi já confirmado pelo ex-ministro ao Correio da Manhã, segundo o qual o imóvel pertenceu antes ao empresário Vítor Santos, conhecido como "o Bibi do Benfica", e chegou à posse do publicitário através de uma permuta.