Notícia
Elementos da GNR e PSP também fizeram viagens pagas por empresas
O inquérito pedido por Constança Urbano de Sousa aponta para 37 deslocações ao estrangeiro, em cinco anos, pagas por entidades privadas a funcionários dos serviços tutelados pelo Ministério da Administração Interna.
Na GNR e na Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (MAI) foram 12 viagens cada; na PSP ascenderam a nove e na Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária foram outras quatro. Entre 2012 e 2017, responsáveis destes organismos públicos fizeram um total de 37 deslocações ao estrangeiro pagas por empresas.
Estes dados, citados pela TSF, fazem parte de um inquérito da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) pedido pela ex-ministra Constança Urbano de Sousa. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Autoridade Nacional de Protecção Civil e a própria entidade responsável deste documento não reportaram qualquer viagem paga por privados durante este período.
Quais foram as empresas que pagaram estas viagens a funcionários destas entidades públicas, sobretudo à Europa, mas também aos Estados Unidos, Brasil ou China? No topo surgem multinacionais tecnológicas, como a Huawei, Oracle, Motorola, HP, Fujitsu ou Microsoft, embora haja também envolvidas sociedades de radares, armas ou automóveis. É o caso da SIVA (importadora nacional da Volkswagen, Audi e Skoda) ou da Toyota Caetano, que se destacam nas deslocações patrocinadas a elementos da PSP.
Este inquérito acabou arquivado, embora a IGAI tenha encontrado alguns casos em que os funcionários acabaram por participar depois em concursos públicos envolvendo as empresas que pagaram estas viagens. Segundo noticiou a mesma estação de rádio, a não abertura de qualquer processo disciplinar foi justificada com o facto de todas as viagens terem sido autorizadas por superiores hierárquicos.
A abertura deste procedimento deveu-se à participação de Francisco Baptista, chefe da Equipa Multidisciplinar de Sistemas e Produção da Secretaria-Geral do MAI, num evento da Oracle nos Estados Unidos. Nessa conferência participaram cinco altos funcionários do Estado português, que rumaram a São Francisco com tudo pago pela multinacional de tecnologias.
No passado Verão, já depois das notícias sobre as viagens pagas pela Galp a três secretários de Estado, surgiram várias notícias relativas a viagens de funcionários públicos pagas por empresas privadas. Um desses casos foi a ida à China de seis funcionários dos Ministérios da Saúde e das Finanças, tendo na altura também a operadora de telecomunicações Nos confirmado o pagamento das viagens a nove convidados externos para o mesmo destino asiático.