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Descida do IVA não trava aumentos. Pressão dos preços vai continuar
A isenção do IVA num cabaz de 46 produtos não trava potenciais aumentos ditados pelo mercado. Representantes da indústria e do retalho assinalam que a pressão dos preços é grande e vai manter-se.
O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, assegura que os retalhistas refletiram integralmente a descida do IVA nos preços de um cabaz de 46 produtos, mas insiste que tal significa que não haja aumentos ditados pelo próprio funcionamento do mercado. E deu o exemplo da carne de porco que, como consequência de um surto de peste suína na China, vai inevitavelmente encarecer.
“A pressão dos preços vai continuar”, alertou, por seu turno, o CEO da Unilever em Portugal, António Casanova, s ustentando que a produção não conseguiu passar todo o aumento de custos em fatores de produção “por incapacidade de impor na negociação com a distribuição e porque houve uma retração de vendas tanto por falta de consumo como pela opção por produtos de marcas próprias”. Já a indústria acumulou, nos últimos dois anos, 30% dos custos de produção que não transferiu para os preços ao consumidor, assinalou o presidente da Portugal Foods, Amândio Santos, sublinhando que a produção agroindustrial não conta apenas com os aumentos dos fatores de produção, como os fertilizantes ou a energia, mas tem também de lidar com os impacto de eventos climáticos. Tanto que – sinalizou – será de esperar que as fracas campanhas de azeitona deste ano que venham a ter implicações nos preços do azeite.
Os apoios à produção são parte integrante do pacto selado com o Governo com vista à estabilização de preços, mas continua por cumprir. “A produção nacional ainda não viu um cêntimo dos apoios que estavam prometidos e que, naturalmente, serão importantes para mitigar o aumento dos custos de produção e que só terão efeitos daqui a uma ou duas colheitas” , lamentou o diretor-geral da APED. Sem bem que a energia ou os transportes aliviaram “outras dinâmicas do mercado dos alimentos continuam a pressionar a subida”, frisou. Do lado do retalho fica a promessa de um “esforço” como o do ano passado: “O índice de preços na produção agrícola nacional cresceu 38%, na indústria agroalimentar 35% e no retalhista 19,9%. Se isto acontece é porque houve muita eficiência e um trabalho enorme para não se aumentar na mesma proporção e esse objetivo vai continuar.
Diretor-geral da APED