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Ministro da Economia: “Fico perplexo que tenhamos de advogar porque temos de baixar o IRC”
“Deveríamos estar, sim, a discutir quanto temos de baixar”, defendeu Pedro Reis, que falava no Porto num debate sobre “O Futebol que nos Une à Economia Portuguesa”.
Com o PS, em sede de discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano, a mostrar-se inamovível contra a baixa do IRC pretendida pelo Governo social-democrata, o ministro da Economia manifesta perplexidade em relação às críticas sobre a intenção do Executivo de avançar com uma redução gradual da taxa de IRC, ao ritmo de dois pontos percentuais por ano, até atingir os 15% em 2027.
"Fico perplexo que tenhamos de advogar porque temos de baixar o IRC. Deveríamos estar, sim, a discutir quanto temos de baixar", defendeu Pedro Reis, este sábado, 14 de setembro, no Thinking Football Summit, que está a decorrer no Porto.
Numa conversa entre o ministro e o advogado Luís Miguel Henrique, participantes num painel sobre "O Futebol que nos Une à Economia Portuguesa", Reis inseriu o tema da baixa do IRC como exemplo a propósito da alegada necessidade de um regime fiscal mais competitivo para o futebol.
"Só há um caminho, que é a redução transversal. Não é verdade que isso não tem impacto na atração de investimento. Temos de ter competitividade fiscal para capturar investimento", afirmou o governante, citado em comunicado da Liga Portugal.
"Creio que, acima de tudo, o desafio é como a economia portuguesa pode unir-se mais ao futebol e tirar partido do que o futebol pode dar face ao posicionamento da economia portuguesa", sinalizou o ministro da Economia, logo na abertura do debate.
Nesse sentido, destacou o processo entre os dois setores: "O futebol português quer expandir-se (e bem) internacionalmente, esse trabalho tem sido bem feito, assim como acontece com a economia portuguesa. O nosso crescimento sustentável é muito semelhante, uma vez que, quanto mais singrarmos internacionalmente, mais ambição teremos", sublinhou.
Na perspetiva de Pedro Reis, a correlação é bem evidente. "Por um lado, quando a indústria do futebol está bem, isso alimenta a economia portuguesa; por outro, à medida que a economia portuguesa avança isso também acaba por ter um impacto positivo no futebol", assinalou.
Para o efeito, Pedro Reis deu mesmo o exemplo da cimeira que termina hoje no Super Bock Arena: "Aquilo que estou a ver hoje neste evento poderia estar a ver em Singapura, em Londres ou em São Francisco. Ao ver associada a tecnologia ao talento, setores onde estamos na ponta da economia mundial, estamos a conseguir afirmar Portugal. O futebol estimula toda esta matéria, sem sequer entrar em setores mais clássicos, como ao nível das infraestruturas", disse.
De resto, enfatizou a contribuição dos jogadores, treinadores e dirigentes para a um desígnio chamado internacionalização: "Estamos a expandir essa realidade porque estão comparados aos melhores do mundo, entregando resultados. Não temos dúvidas que do mundo do futebol nascem grandes embaixadores de Portugal", destacou o ministro da Economia, elencando os bons motivos para a captação de investimento, assumindo também que cabe ao Governo criar mais e melhores condições.
A terminar, quando desafiado a expressar um desejo para o futebol, rematou: "Que continuem com os resultados, com a profissionalização, a dinâmica, a ambição, porque, com isso, estão a ajudar a economia portuguesa. É um desejo e também um agradecimento."