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Stiglitz: Trump é o chefe supremo da evasão fiscal

O Nobel da Economia desafia a Europa a tomar uma posição liderante no combate aos offshores, agora que Trump foi eleito. Entre as medidas a accionar estão a exclusão dos offshores dos acordos de livre comércio e dos mercados financeiros.

Jonathan Ernst/Reuters
Negócios 17 de Novembro de 2016 às 14:44
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Durante uma audição no Parlamento Europeu esta quarta-feira, dia 16 de Novembro, a propósito do escândalo dos Panamá Papers, Joseph Stiglitz mostrou-se pessimista em relação ao papel que os EUA poderão desempenhar no combate à fraude e evasão fiscal – papel em que tem sido liderante nos últimos anos, durante a administração Obama. É que "é difícil ser-se optimista quando o nosso presidente é um evasor fiscal ou mesmo o chefe supremo da evasão fiscal", considera o nobel da Economia.

Apesar de os EUA serem determinantes numa estratégia concertada de combate à fraude e evasão fiscal à escala internacional, Stiglitz considera que a Europa pode tomar o seu lugar.

"Se não conseguirmos domesticar a globalização vai haver uma onda anti-globalização", avisou o economista perante a comissão de inquérito que investiga o escândalo do Panamá.

A única forma de resolver o problema é ter uma política de "tolerância zero". Esta política podia passar por bloquear o acesso destas jurisdições aos acordos de livre comércio, adicionando-lhes regras mínimas de transparência em matéria fiscal. Outra medida poderia passar por impedir-lhes o acesso ao mercado bancário europeu. Outra proposta ainda passa por apertar a malha aos advogados e outros intermediários, obrigando-os a identificar os seus clientes e os motivos pelos quais usam sociedades offshore.

Para o professor na universidade de Columbia, é fundamental que se crie uma central de dados com o registo de todos os beneficiários efectivos a nível europeu. A nova directiva de prevenção do branqueamento de capitais e combate ao terrorismo prevê-a, mas ainda há muita incerteza em torno da sua operacionalização.

O nobel que foi convidado pelo governo do Panamá para liderar um inquérito aos Panamá Papers, mas acabou por demitir-se quando soube que não poderia tornar públicos os resultados da sua investigação, apresentou ainda as conclusões do estudo que fez com Mark Pieth sobre o sistema sombra dos paraísos fiscais.

 

Offshores e populismo de braço dado

Para a dupla, os offshores são parasitas que alimentam as desigualdades sociais que acabaram por abrir caminho a figuras como Donald Trump e Vladimir Putin.

"Estabeleço uma ligação directa entre os offshores e estes políticos populistas" diria mais tarde Mark Pieth ao The Guardian. "As pessoas zangam-se porque são vitimas da globalização agressiva, mas o paradoxo é que os políticos populistas usam estas desigualdades para chegarem ao poder e muitos deles escondem o seu dinheiro em offshores".

Para os economistas, o Reino Unido é parte deste problema, uma vez que é conivente com a opacidade dos offshores que estão na dependência da coroa britânica, como é o caso das Ilhas Virgens britânicas. 

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