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Regressam avaliações trimestrais às contas públicas
O Conselho da UE e a Comissão Europeia passarão a receber um relatório trimestral detalhado, que terá de ser público, com a evolução da execução orçamental, da dívida pública e das medidas adoptadas para reduzir o défice.
Portugal passará a estar sujeito a uma avaliação trimestral da execução orçamental e das medidas adoptadas para reduzir o défice e a dívida pública por parte da Comissão Europeia, mas também pelos governos da União Europeia. O primeiro relatório com metas e medidas a adoptar para reequilibrar as contas públicas deve ser apresentado até 15 de Outubro, e três meses depois deverá chegar a Bruxelas – e ser tornado público – um outro relatório com dados detalhados de execução de receita e despesa, das medidas de consolidação, e a evolução da dívida pública. O processo repetir-se-á todos os trimestres.
Portugal escapou a multas da União Europeia, mas não à monitorização reforçada decorrente do agravamento do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE). Isso mesmo fica claro na decisão do Conselho da União Europeia (UE) que define a nova trajectória de correcção do défice excessivo, que concretiza várias obrigações nacionais para os próximos meses.
O relatório deve detalhar metas e medidas orçamentais que permitiam a Bruxelas avaliar se Portugal está a adoptar medidas eficazes para cumprir para fechar 2016 com um défice de 2,5% do PIB, e se tem uma estratégia credível de redução de dívidas em atraso e de melhorias de sustentabilidade do sistema de saúde ou da segurança social.
No limite, se avaliação fosse negativa, o Conselho da UE poderia voltar a agravar o PDE e decidir sobre novas sanções ao país. Considerando que em causa está a definição de um plano de acção com metas orçamentais e medidas, que é difícil perceber com pormenor em Outubro a dimensão de eventuais desvios na execução deste ano, e que o Governo apresentará por essa altura o Orçamento para 2017 com vários planos de acção para o ano seguinte, imagina-se que Portugal consiga satisfazer as exigências de informação de Bruxelas. Tal não significa que possa descansar. Três meses depois, a 15 de Janeiro, há uma nova prestação de contas.
"Portugal deve também apresentar relatórios à Comissão e ao Comité Económico e Financeiro (CEF)", que é o braço técnico para assuntos económicos do Conselho da EU, sobre a evolução das contas públicas, sendo que "o primeiro relatório deve ser apresentado até 15 de Janeiro de 2017 e, posteriormente, de três em três meses", especifica a mesma deliberação do Conselho da UE, publicada a 9 de Agosto, que remete para a legislação europeia que define que este tipo de relatório "será tornado público".
"A notificação mais frequente de informação ajudará a Comissão e CEF a monitorizar continuamente se o Estado-membro está no caminho certo para corrigir o défice excessivo", explica-se num outro regulamento, que detalha a informação que terá de ser enviada a Bruxelas: sete tabelas, com metas e níveis de execução de receita e despesa, com dados em contabilidade pública e em contabilidade nacional para os vários subsectores das Administrações Públicas, assim como informação sobre a evolução da dívida pública nacional, e a execução das medidas de consolidação orçamental.
Os controlos trimestrais das contas publicas nacionais estão de volta, e só deverão desaparecer quando o país fechar o Procedimento dos Défices Excessivos. O Governo planeia consegui-lo este ano mas, como explica o Negócios, a recapitalização da CGD poderá dificultar as contas.