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Portugal espera acordo este ano relativamente a regras da UE para défice e dívida

A presidência espanhola da União Europeia disse hoje que “70% do texto” relativo à revisão das regras orçamentais, que limitam o défice e a dívida pública, está finalizado, esperando um acordo final até final do ano.

Os indicadores de confiança das famílias e empresas apontam para um período mais sombrio da economia europeia.
Jean-Marc Loos/Reuters
16 de Setembro de 2023 às 14:32
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O Governo disse hoje esperar um acordo este ano relativo às regras orçamentais da União Europeia (UE), que limitam défice e dívida pública, mas admitiu "várias semanas muito intensas de trabalho" face às diferentes posições entre os 27 países.

 

"Agora há muito trabalho a fazer [porque] é uma negociação muitíssimo complexa e, de facto, dos dossiês mais difíceis de haver entendimentos, [...] mas a expectativa dos vários Estados-membros -- e o compromisso, aliás -- é num empenho reforçado para procurar um acordo até ao final do ano", disse o ministro português das Finanças.

 

Falando à imprensa portuguesa no final da reunião dos ministros das Finanças da UE, que decorre hoje em Santiago de Compostela no âmbito da presidência espanhola da União, Fernando Medina reforçou que "há uma intenção de terminar o dossiê até ao final do ano", após uma proposta da presidência espanhola em outubro.

 

"Houve uma discussão muito franca hoje de manhã, relativamente às novas regras de governação europeia e transmitimos aquilo que nos parece ser o fundamental [...], de que as regras em matéria orçamental têm de ser regras que funcionem nos bons tempos e nos tempos mais difíceis", devendo "servir para que um país consolide as suas contas públicas e as suas finanças públicas e que reduza a sua dívida quando tem margem para o fazer", elencou o responsável.

 

Esta manhã, Fernando Medina teve inclusive uma reunião com o seu homólogo alemão, Christian Lindner, ao qual transmitiu a necessidade de haver um "ritmo de consolidação orçamental e de diminuição da dívida quando a economia cresce muito", segundo disse aos jornalistas portugueses.

 

O debate surge quando se prevê a retoma em 2024, após a suspensão devido à pandemia e à guerra da Ucrânia, com nova formulação apesar dos habituais tetos de 60% do PIB para a dívida pública e de 3% do PIB para o défice.

 

Apesar dos progressos dos últimos meses para aproximar posições entre os Estados-membros europeus, não se espera um consenso este fim de semana, com a atual presidência espanhola do Conselho da UE a esperar antes que o debate sirva de base para uma proposta a apresentar na reunião ordinária dos ministros das Finanças em outubro.

 

A Alemanha é o país mais cético, ao exigir garantias de que os países endividados vão reduzir a sua dívida pública em, pelo menos, 0,5% ao ano, sendo que os que passam a fasquia dos 60% do PIB devem fazê-lo, no entendimento de Berlim, a um ritmo de 1% por ano.

 

Portugal tem vindo a defender a introdução de um caráter anticíclico nesta reforma, para que, em alturas de maior crescimento económico, os países realizem um esforço maior para baixar a dívida pública e que, ao invés, tenham ritmos de redução mais lentos em alturas de PIB mais contido.

 

A discussão tem por base uma proposta da Comissão Europeia, divulgada em abril passado, para regras orçamentais baseadas no risco, com uma trajetória técnica e personalizada para países endividados da UE, como Portugal, dando-lhes mais tempo para reduzir o défice e a dívida.

 

Numa declaração à imprensa europeia, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, referiu que esta reunião "deu um contributo positivo" ao debate sobre as regras orçamentais da UE.

 

"Penso que a discussão desta manhã [...] teve um resultado importante em termos de [mostrar] uma vontade da parte de todos os países, em primeiro lugar, de acelerar e intensificar substancialmente o trabalho com vista a alcançar este acordo e, em segundo lugar, uma vontade de compromisso - que, evidentemente, tem de ser transformado em decisões", elencou, salientando "uma abordagem orientada para o compromisso".

 

Presidência espanhola da UE fala em aval para "70% do texto"

 

A presidência espanhola da União Europeia (UE) disse hoje que "70% do texto" relativo à revisão das regras orçamentais, que limitam o défice e a dívida pública, está finalizado, esperando um acordo final até final do ano.

 

"Cerca de 70% do texto do novo regulamento está agora praticamente acordado e, para além do grupo central de questões, fechámos praticamente a maior parte do que é necessário para se chegar a um consenso nas próximas semanas", declarou a vice-presidente espanhola e ministra para os Assuntos Económicos, Nadia Calviño.

 

Falando em conferência de imprensa no final da reunião dos ministros das Finanças da UE, que decorre hoje em Santiago de Compostela no âmbito da presidência espanhola da União, a responsável exortou: "Para que seja cumprido um calendário ambicioso, temos de passar à fase seguinte de negociação, de nível político e de construção de consenso".

 

"Há claramente dois aspetos fundamentais nesta construção de consenso: em primeiro lugar, o equilíbrio correto entre o quadro com a garantia de uma redução gradual da dívida, o rácio da dívida em relação ao PIB [produto interno bruto], a sustentabilidade a médio e longo prazo e, ao mesmo tempo, espaço suficiente para o investimento, em resposta às nossas prioridades e aos interesses europeus [...] e o segundo elemento é que, neste quadro, temos de ter em conta as necessidades específicas de todos os países e garantir regras comuns que sejam cumpridas de forma credível e condições de concorrência equitativas", elencou Nadia Calviño.

 

A governante espanhola adiantou que hoje houve, ainda assim, "um debate muito frutuoso".

 

"Penso que nas próximas semanas seremos capazes de fazer progressos aos vários níveis

adequados para começar a chegar a este consenso, talvez na mesa para o Ecofin [reunião dos ministros das Finanças da UE] de outubro, para depois terminarmos tudo no final do ano", concluiu.

 

O debate surge quando se prevê a retoma económica em 2024, após a suspensão devido à pandemia e à guerra da Ucrânia, com nova formulação apesar dos habituais tetos de 60% do PIB para a dívida pública e de 3% do PIB para o défice.

 

Apesar dos progressos dos últimos meses para aproximar posições entre os Estados-membros europeus, não se espera um consenso este fim de semana, com a atual presidência espanhola do Conselho da UE a esperar antes que o debate sirva de base para uma proposta a apresentar na reunião ordinária dos ministros das Finanças em outubro.

 

A Alemanha é o país mais cético, ao exigir garantias de que os países envidados vão reduzir a sua dívida pública em, pelo menos, 0,5% ao ano, sendo que os que passam a fasquia dos 60% do PIB devem fazê-lo, no entendimento de Berlim, a um ritmo de 1% por ano.

 

Portugal tem vindo a defender a introdução de um caráter anticíclico nesta reforma, para que, em alturas de maior crescimento económico, os países realizem um esforço maior para baixar a dívida pública e que, ao invés, tenham ritmos de redução mais lentos em alturas de PIB mais contido.

 

A discussão tem por base uma proposta da Comissão Europeia, divulgada em abril passado, para regras orçamentais baseadas no risco, com uma trajetória técnica e personalizada para países endividados da UE, como Portugal, dando-lhes mais tempo para reduzir o défice e a dívida.

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