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Maiores economias do mundo estão a receber estímulos orçamentais

Em mais da metade das 20 maiores economias do mundo, os analistas agora esperam por orçamentos mais brandos este ano – por outras palavras, défices maiores ou excedentes menores - do que há seis meses.

24 de Fevereiro de 2020 às 14:09
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Vários governos mundiais estão a começar a usar mais poder de fogo orçamental para impulsionar as economias, embora a mudança possa não acontecer com a rapidez suficiente para apaziguar os bancos centrais, que dizem estar cansados de carregar sozinhos o fardo dos estímulos.

Em mais da metade das 20 maiores economias do mundo, os analistas agora esperam por orçamentos mais brandos este ano – por outras palavras, défices maiores ou excedentes menores - do que há seis meses, segundo uma pesquisa da Bloomberg com previsões de economistas.


Economias asiáticas como China e Coreia do Sul recorrem à política orçamental para combater a ameaça do coronavírus, que paralisou parte da indústria e devastou cadeias de fornecimentos, enquanto governos do Reino Unido e da Rússia deixaram de lado antigos compromissos com a austeridade.

Mas a generalização de orçamentos expansionistas está longe de se concretizar. O Japão recentemente aumentou impostos sobre as vendas, a Alemanha ainda mantém o seu sagrado excedente e as políticas nos EUA estão paralisadas devido à proximidade de eleições. E algumas das mudanças nas previsões orçamentais são consequência de expectativas de crescimento mais fracas, e não de gastos mais altos ou impostos mais reduzidos.

 

 

Confira um conjunto de previsões orçamentais e mudanças recentes de políticas em alguns países-chave.

 

Estados Unidos

- Previsão para 2020: -4,8% do PIB (défice)

- Previsão para 2021: -4,8%


O presidente Donald Trump injetou estímulos através de reduções de impostos e aumento da despesa pública e obteve um aumento do crescimento económico como resultado. Este mês, Trump enviou uma proposta de orçamento ao Congresso que reduziria alguns dos gastos, embora também prometa mais cortes de impostos direcionados à classe média. Mas nenhuma das propostas deve passar pelos democratas da Câmara dos Representantes, pelo que qualquer grande medida orçamental provavelmente ficará congelada até depois das eleições de novembro.

China

- Previsão para 2020: -4,8% (défice)

- Previsão para 2021: -4,6%


Com indústrias e regiões inteiras confinadas por causa do vírus e tendo em conta a fraca flexibilidade do governo para reduzir as metas de crescimento, a China está preparada para mais estímulos orçamentais. O governo disse esta semana que prepara medidas adicionais, como cortes de impostos a empresas. Já existe pressão no orçamento como resultado da guerra comercial com os EUA, e o ministro das Finanças, Liu Kun, reconheceu que haverá "desafios de curto prazo". Mas disse que a China deve "adotar uma visão de longo prazo e tomar medidas resolutas".

Japão

- Previsão para 2020: -2,9% (défice)

- Previsão para 2021: -2,7%


O Japão já corria o risco de entrar em recessão antes mesmo da ameaça do coronavírus se tornar evidente, em parte porque tinha apertado a política orçamental. Um aumento dos impostos sobre vendas em outubro de 2019 contribuiu para uma retração do PIB, assim como nas duas últimas vezes que a política foi implementada. Os deputados aprovaram um orçamento suplementar no valor de 29 mil milhões de dólares no mês passado e, no papel, esse estímulo extra deve chegar até ao fim de março. Mas a história sugere que o governo provavelmente não conseguirá gastar todo o dinheiro dentro do prazo estipulado.

Alemanha

 

- Previsão para 2020: 0,7% (excedente)

- Previsão para 2021: 0,2%

 

A maior economia da Europa tem sido vista como uma das principais candidatas ao alívio orçamental, uma vez que possui significativamente menos dívida pública do que muitos países vizinhos. O Banco Central Europeu e o governo francês estão entre os que pedem ação. Mas, embora a coligação da chanceler Angela Merkel tenha iniciado um estímulo limitado focado em projetos verdes, não há apetite para abrir os cordões à bolsa num país onde a disciplina orçamental continua a ser símbolo de virilidade política. A recessão industrial prolongada e o surto de coronavírus provavelmente não são suficientes para rever esta postura.



Índia

- Previsão para 2020: -3,7% (défice)

- Previsão para 2021: -3,5%

 

A Índia atendeu ao pedido do banco central por uma política fiscal que impulsionasse a economia em desaceleração. Em fevereiro, o governo anunciou cortes de impostos para pessoas físicas que custarão ao governo US$ 5,6 bilhões em receita, alguns meses depois de uma isenção semelhante de US$ 20 bilhões para empresas.

  

Brasil

- Previsão para 2020: -5,5% (défice)

- Previsão para 2021: -5,3%

O governo está comprometido em reduzir o défice e, no ano passado, conseguiu aprovar a reforma da Previdência como peça central do plano a longo prazo. O défice público em 2019 foi o menor em cinco anos, embora em parte devido a entradas de capital pontuais, como o leilão de licenças petrolíferas. E, embora os ministros prometam medidas mais rigorosas, como salários mais baixos para novos funcionários públicos, podem ter dificuldades para convencer o Congresso antes das eleições municipais de outubro. 

 

México

- Previsão para 2020: -2,4% (défice)

- Previsão para 2021: -2,3%

 

Apesar da estagnação da economia do México no ano passado, o presidente Andrés Manuel López Obrador manteve a rígida política orçamental. O seu governo tem cortado gastos com salários, o que ajudou a atingir um excedente orçamental primário (antes das despesas com juros) de 1,1% em 2019. E a meta é manter o excedente primário este ano. Tal deve deixar o banco central, que cortou as taxas de juros em cinco reuniões consecutivas, com o fardo dos estímulos por enquanto.

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