Notícia
Governo afunda investimento e gorduras para subir salários e pensões
O Governo fechou o primeiro semestre do ano com um défice orçamental de 2,8% do PIB, acima da meta anual, mas abaixo do 4,6% do ano anterior. Resultado conseguido com corte na despesa total, favorecendo salários e pensões que estão a crescer acima do orçamentado.
Segundo o INE, a despesa pública recuou 2,3% em termos homólogos, o que ultrapassa o corte de 1,3% implícito no Programa de Estabilidade (PE). O valor traduz as prioridades do Governo, favorecendo os salários dos funcionários públicos – que aumentaram 2,1% em termos homólogos, acima da meta de 1,8% prevista para o ano – e os gastos com apoios sociais e pensões – que estão a crescer 1,1%, contra uma previsão de crescimento implícita no PE de 0,3% para o ano.
O recuo da despesa total acima do previsto está a compensar um desempenho da receita que, pelo contrário, está abaixo do implícito nas contas do Governo de Maio. Segundo o INE, a receita total aumentou 1,7% nos primeiros seis meses do ano, o que fica abaixo dos 3,5% do PE.
O desvio é explicado por um mau desempenho não nos impostos, mas em receitas como vendas de serviços, juros, dividendos e outras receita de capital que estão a crescer muito abaixo das metas do Governo. Já a receita fiscal e as contribuições sociais estão a superar os objectivos anuais, avançando 3,4%e 3,5%, respectivamente, mostram os dados do INE – o que compara com aumentos previstos de 2,9% e 3,1%.
Governo confiante
Os 2,8% do PIB de défice saíram um pouco abaixo das previsões internas do Governo, o que reforçou a convicção no Executivo de que conseguirá fechar 2016 com um desequilíbrio abaixo dos 2,5% do PIB exigidos por Bruxelas. A meta assumida no Orçamento de 2,2% do PIB é difícil, mas é vista como estando ao alcance, apurou o Negócios.
Mário Centeno, o ministro das Finanças, garantiu na sexta-feira que todas as pressões orçamentais que têm vindo a ser referidas, nomeadamente pela UTAO (devolução de salários a funcionários públicos, redução de horário para 35 horas e redução do IVA na restauração) "estão incluídas no orçamento", lembrando que "o segundo semestre tem níveis de défice inferiores ao primeiro".
RECEITA FISCAL SUPERA METAS
A receita fiscal cresceu 3,4% em termos homólogos, acima da meta anual de 2,9%. Impostos directos desiludem, mas os indirectos compensam.
SALÁRIOS E PENSÕES ACIMA DO PREVISTO
Salários e apoios sociais estão a crescer acima da meta anual, e continuarão a pressionar o orçamento.
Contra
DESPESA CAI MAIS QUE O PREVISTO
A despesa total está a cair 2,3%, o que comparara com uma meta anual de 1,3%.
INVESTIMENTO, SUBSÍDIOS AFUNDAM
Do lado da despesa o Governo registou um crescimento dos consumos intermédios inferior à meta anual, e cortou a fundo no investimento e nos subsídios: 11% e 32%, respectivamente.