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Costa diz que o Governo “nasceu para enfrentar e resolver desgraças”
O Governo está preparado para enfrentar as eventuais sanções da Comissão Europeia pelo incumprimento de meta do défice no ano passado, ainda que as considere “incompreensíveis”. Segundo António Costa, o Governo nasceu para “resolver desgraças”.
António Costa não quer que Bruxelas aplique sanções a Portugal por o défice ter ficado acima de 3% no ano passado. Mas se elas vierem, o Governo saberá dar a volta. "O Governo está preparado para todas as piores previsões. Até agora já passaram seis meses e essas desgraças ou não se confirmaram" ou, quando existiram, "foram ultrapassadas". "Este Governo nasceu para enfrentar e resolver desgraças", resumiu, entre risos, numa conferência de imprensa na capital belga após a reunião informal entre os 27 estados-membros (já sem o Reino Unido).
O primeiro-ministro aproveitou a reunião com os líderes europeus para falar sobre as eventuais sanções a Portugal. "Tive a oportunidade, quer com o Presidente Juncker quer com vários dos meus colegas, de sublinhar aquilo que tem sido sublinhado em Portugal, de forma unanime: que a aplicação de qualquer tipo de sanção a Portugal em função da execução de 2015 seria incompreensível, injusta e injustificada, desde logo dada a execução de 2016", e também pela forma como a economia nacional continua a ser acompanhada pelas instituições internacionais.
Costa notou a incoerência de "as instituições europeias, que tanto elogiaram a execução" orçamental do anterior Governo, quererem vir agora castigar Portugal.
Os líderes europeus terão sido sensíveis aos argumentos de Costa e houve um consenso "que há de facto aqui uma questão", embora "nem todos" tenham concordado com a não aplicação de sanções a Portugal.
"Com tantos problemas que a Europa tem, o Brexit, os refugiados, o terrorismo… já temos tantos problemas, agora acrescentar uma nova crise a propósito de duas décimas [o défice ficou em 3,2% em 2015]", ainda por cima num contexto difícil, torna injustificado aplicar sanções a Portugal, defende o primeiro-ministro.
Esta terça-feira, também o ex-primeiro-ministro português, Passos Coelho, disse que seria "uma vergonha" que Portugal seja alvo de sanções e França não, mesmo tendo Paris violado a meta de 3% de défice. O jornal francês Le Monde escreveu na passada segunda-feira que a Comissão Europeia vai mesmo propor sanções a Portugal e Espanha, embora esteja em aberto a possibilidade de serem sanções simbólicas.