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Centeno guarda "orçamento suplementar" para fase da recuperação
O ministro das Finanças admite que o aumento da despesa e a diminuição da receita obrigarão, "seguramente", à aprovação de um "orçamento suplementar", contudo Mário Centeno prefere fazê-lo apenas quando chegar o momento de tratar da recuperação económica. Pelo meio será também preciso perceber o que será aprovado pela UE para promoção da retoma económica.
Presente na Comissão de Orçamento e Finanças que decorre esta quinta-feira no Parlamento, já depois de a Assembleia da República ter aprovado a segunda renovação do estado de emergência, Centeno explicou ser preciso evitar precipitações e aguardar pela altura certa para atualizar as contas do Estado de 2020, desde logo porque estamos perante uma crise cujas proporções são ainda desconhecidas e porque é também necessário aguardar por dados mais concretos sobre o que será a resposta da União Europeia.
Porém, o ministro frisou que é preciso ir gerindo as "margens orçamentais" para, quando for apresentada uma proposta de orçamento suplementar, esta surgir "sem precipitação". "Se a incerteza é inimiga da economia, a precipitação nas tomadas de decisão também o é, porque é inimiga das boas decisões", declarou. Assim, Mário Centeno defende que "o Estado deve preservar a capacidade" de avançar com um orçamento suplementar "para o futuro", para o momento em que estiver em cima da mesa o relançamento da economia, ou seja, a partir do momento em que a atividade económica for reaberta.
O também líder do Eurogrupo mostrou-se otimista em relação aos instrumentos que serão ainda adotados pela UE. "Para essa fase de recuperação vamos necessitar de um conjunto de mecanismos que, neste momento, não estão ainda definidos, e são de dimensão muito superior à que temos visto, serão algarismos com 12 zeros, na casa dos biliões de euros, é dessa magnitude que estamos a falar", apontou em referência ao plano de recuperação económica que os líderes europeus discutem na próxima semana.
O financiamento deste instrumento continua a dividir países do norte e do sul, contudo Centeno assegura que os "interesses do Estado português não são dissonantes" relativamente ao conjunto dos 27 Estados-membros.
Certo é que a reabertura da economia deve ser feita em coordenação com os restantes países da UE, desde logo porque Portugal tem uma economia aberta em que o peso das exportações vale cerca de 40% do PIB. "De que vale abrir a nossa economia se o fizermos sozinho", questionou em tom retórico.
Resposta à pandemia superior a 20 mil milhões
Também na sequência de uma pergunta do deputado Duarte Pacheco, que pediu uma quantificação do conjunto das medidas já adotadas pelo Governo para responder à crise, seja na área da saúde seja no apoio a famílias e empresas, o ministro das Finanças revelou que, "tudo somado, estamos a falar de valores que podem exceder os 20 mil milhões de euros em 2020".
Centeno detalhou que no âmbito deste "esforço orçamental significativo", o custo aproximado com o lay-off pode rondar os mil milhões de euros, o reforço da despesa prevista com subsídios de desemprego e outras prestações sociais poderá "facilmente atingir 4 ou 5 mil milhões de euros", isto além dos 500 milhões de euros para reforçar o Serviço Nacional de Saúde.