Notícia
Presidente italiano demite-se nas próximas horas
O Presidente da República de Itália vai apresentar a sua demissão no máximo amanhã, avança a imprensa internacional. Giorgio Napolitano, de 89 anos, já tinha adiantado que a sua saída estava próxima em Dezembro.
O Presidente italiano, Giorgio Napolitano, vai apresentar a sua demissão nas próximas horas. De acordo com a Bloomberg, que cita o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, o presidente transalpino vai apresentar a sua demissão "dentro de horas". Já o jornal italiano Corriere della Sera, citado por esta agência, aponta que Napolitano deverá apresentar a sua demissão até meio da manhã desta quarta-feira, 14 de Janeiro.
Já na sua mensagem de Ano Novo, Napolitano, actualmente com 89 anos, afirmou que a sua saída da presidência italiana estava para "breve". Tendo, na altura, alegado razões pessoas para essa decisão. Por outro lado, já em meados de Dezembro de 2014, o chefe de Governo de Itália tinha revelado que a sua demissão estava "iminente".
A 18 de Dezembro, num discurso perante o corpo diplomático italiano em pleno palácio Quirinal, residência oficial do chefe de Estado italiano, Napolitano afirmou que "com o aproximar do fim do ano e a iminente conclusão do meu mandato presidencial, inevitavelmente haverá que efectuar algumas considerações sobre o período complexo e conturbado que estão a atravessar a Itália, a Europa e o mundo", segundo cita o La Repubblica.
Eleito em Abril de 2013 para o segundo mandato presidencial de sete anos com largo apoio parlamentar, Giorgio Napolitano beneficiou do incomum consenso em torno da sua figura política, tornando-se o primeiro presidente da República a ser reeleito. Em 2006, o homem, então senador, nascido na região de Nápoles, foi eleito para o primeiro mandato.
A instabilidade política e a dificuldade para formar governo após as legislativas que em 2013 deram a vitória ao PD, na altura liderado por Pier Luigi Bersani, levou Napolitano, perto de completar 88 anos, a aceitar a recondução no cargo poucos dias após a sua nomeação enquanto senador vitalício da câmara alta do parlamento italiano. A sua escolha, devida à sua capacidade para gerar consensos, seria posta à prova e rapidamente superada por Napolitano, que teria um papel determinante na formação do Executivo que seria liderado por Enrico Letta.
Já em Fevereiro deste ano, após nova crise política, desta feita no seio do PD, Napolitano nomeou Matteo Renzi primeiro-ministro, o quinto chefe de governo do seu consulado presidencial depois de Romano Prodi, Silvio Berlusconi, Mario Monti e Letta.
Neste sentido, a saída de Giorgio Napolitano deixa um desafio a Matteo Renzi: encontrar um candidato a presidente que esteja disponível para apoiar a sua agenda de reformas e, escreve a Bloomberg, caso seja necessário dissolver o parlamento.
Convocar eleições antecipadas pode ser o último recurso para o actual primeiro-ministro transalpino que está a tentar proceder a alterações no sistema eleitoral do país, bem como, para adoptar medidas para impulsionar o crescimento económico do país. "Acho que Renzi quer que o colégio presidencial escolha um presidente discreto, alguém que não seja demasiado independente como Napolitano e alguém que esteja disponível para concordar com eleições antecipadas se o primeiro-ministro precisar", afirmou à Bloomberg Giovanni Orsina, Professor de História da Universidade de Roma.
Como é escolhido o presidente em Itália?
Em 2013, a primeira volta das eleições presidenciais foi a 18 de Abril. Mas Napolitano só foi eleito a 21 de Abril, na sexta votação do escrutínio, ao obter 738 votos dos "grandes eleitores". A assembleia de "grandes eleitores" é constituída por 315 senadores, por 630 deputados e 62 delegados regionais. Assim, em 2013 Napolitano venceu com 738 votos quando o seu opositor, Stefano Rodotà, recolheu 217 votos.
Em Itália, tal como na Grécia, é o parlamento que elege o presidente. Será necessária uma maioria de dois terços em ambas as camaras parlamentares – Senado e Câmara dos Deputados – para escolher o Presidente nas primeiras três votações, escreve a RTP.