Notícia
Plano de austeridade para a Grécia pode ser rectificado
"Houve erros na receita" do plano de austeridade ditado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional e "estamos a tentar rectificá-los na medida do possível", disse o ministro Costis Hadzidakis.
O plano de austeridade imposto à Grécia contém "erros", admitidos por altos responsáveis da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), e "pode ser rectificado", afirmou hoje o ministro do Desenvolvimento grego, Costis Hadzidakis.
"Houve erros na receita" do plano de austeridade ditado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional e "estamos a tentar rectificá-los na medida do possível", disse o ministro numa entrevista ao jornal Real News.
Dado que "a 'troika' (UE-BCE-FMI) reconheceu que houve erros" e que "o governo grego está a fazer um esforço sério para restabelecer a confiança", "tudo isso pode conduzir a rectificações" e a um alívio da austeridade, explicou.
Vários altos responsáveis da UE e do FMI admitiram que a austeridade rigorosa imposta à Grécia desde o início da crise da dívida, em 2010, teve um impacto maior que o esperado no crescimento económico.
O debate foi reaberto com a publicação, em Janeiro, de um artigo em que os economistas do FMI Olivier Blanchard e Daniel Leigh explicam que a utilização de um coeficiente de cálculo errado conduziu a uma subestimação dos efeitos negativos da austeridade na Europa.
Partidário de uma linha menos rigorosa no FMI, Blachard já tinha reconhecido anteriormente que os efeitos da austeridade no crescimento foram subestimados, nomeadamente na Grécia, sobretudo no início da crise.
Em Outubro, o ministro-adjunto das Finanças grego, Christos Staikouras, afirmou que o FMI se tinha enganado no cálculo do impacto da austeridade sobre a recessão.
Desde 2009, "o coeficiente multiplicador" das medidas de austeridade sobre o recuo do crescimento foi de "cerca de 1, em vez de 0,5", como tinha sido previsto pela UE e o FMI nos programas de austeridade impostos como contrapartida dos empréstimos internacionais, disse então o ministro-adjunto, acrescentando que o FMI "já reconhece" este erro.
Questionado sobre o assunto na quinta-feira, numa conferência de imprensa, o porta-voz do FMI, Gerry Rice, afirmou que a instituição "actualizou esse multiplicador" depois de se ter apercebido "que as condições na Grécia eram diferentes" das que foram tidas em conta no início da crise.
Rice sublinhou no entanto que "esse multiplicador é apenas uma dimensão do problema", havendo "outros factores que determinam o ajustamento das finanças públicas de cada país".