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Mario Monti comunica intenção de se demitir

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, comunicou ao Presidente da República a intenção de se demitir após a aprovação do Orçamento. Esta decisão ocorre após Silvio Berlusconi ter retirado o apoio do seu partido ao governo de Mario Monti.

08 de Dezembro de 2012 às 22:37
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A presidência de Itália fez este anúncio depois de um encontro de duas horas entre o presidente, Giorgio Napolitano, e o primeiro-ministro, hoje à noite no palácio presidencial.

Silvio Berlusconi anunciou esta tarde a intenção de se recandidatar a primeiro-ministro nas eleições de 2013.

Na passada quinta-feira, os representantes do PLD, partido de Silvio Berlusconi, retiraram-se do Senado, antes da votação de um voto de confiança suscitado pelo primeiro-ministro Mário Monti para conseguir fazer aprovar o pacote de medidas económicas previsto para 2013.

A iniciativa valeu sobretudo pelo seu simbolismo, na medida em que a abstenção dos membros do Partido da Liberdade – um dos três que apoiam o governo transitório do antigo comissário europeu – não impediu a aprovação do pacote em causa. Se tivessem votado contra, o Governo de Monti teria caído.

A causa mais próxima do afastamento do PLD do Governo Monti prende-se com o decreto, discutido e votado em Conselho de Ministros na quinta-feira e que incapacita para o desempenho de cargos públicos quem tenha sido condenado em definitivo pela justiça por crimes onde se tenha provado dolo deliberado.

Mas por detrás desta retirada estaria já a decisão de Sílvio Berlusconi de voltar a concorrer a um quinto mandato como primeiro-ministro nas eleições que deverão ter lugar em Março do próximo ano.

Num comunicado divulgado, esta semana, após uma longa reunião com líderes do seu partido, Berlusconi afirmou que "a situação hoje é muito pior do que há um ano, quando deixei o governo por sentido de responsabilidade e amor para com o meu país".

Escreveu o antigo primeiro-ministro, mega-empresário, com vários casos pendentes na justiça, que "Itália está à beira de um abismo", com a economia "esgotada, mais de 1 milhão estão desempregados, poder de compra a cair, e pressão fiscal em níveis intoleráveis". Conclusão: "não posso deixar o meu país cair numa espiral recessiva sem fim. Não é possível continuar assim".

O regresso de Berlusconi não parece, no entanto, ser um desfecho sequer consensual entre os seus correligionários e vários comentadores relacionam a possibilidade de a “cartada” Berlusconi ser uma manobra para tentar contrariar o afundamento do próprio partido. Segundo um inquérito de opinião publicado nesta semana, as intenções de voto no PDL resumem-se a 15,2%. O grande vencedor das eleições de Março seria o Partido Democrático, com 34,6% dos votos.

Berlusconi renunciou à chefia do Governo em 2011, tendo a gota de água sido a um escândalo sexual envolvendo uma prostituta menor de idade. O Presidente Giorgio Napolitano pediu então ao ex-comissário europeu Mário Monti para formar um governo de tecnocratas, com o apoio de uma coligação de três partidos, de direita e esquerda, onde se inclui o PDL.

Com Itália à beira de ser excluída dos mercados financeiros, que exigiam juros cada vez mais altos, e sem "rede" europeia capaz de socorrer à terceira maior economia do euro, Monti impôs várias medidas de austeridade para trazer os custos dos empréstimos sob controle. Mas os impostos mais elevados terão ajudado a aprofundar a recessão que se instalara no segundo semestre do ano passado.

 

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