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Itália e França arriscam furar regras, Bruxelas pede medidas mas sem pressa

A Comissão Europeia apontou oito países cujos esboços orçamentais arriscam violar as regras. Bruxelas pede medidas corretivas, porém diz que não têm de ser tomadas imediatamente.

20 de Novembro de 2019 às 19:56
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A Comissão Europeia identifica oito países cujos rascunhos orçamentais apresentam riscos de incumprimento das regras europeias e pede a adoção das "medidas necessárias" para evitar a violação das regras. Nota, porém, que as mesmas não precisam ser adotadas no imediato.

O órgão executivo da União Europeia apresentou, esta quarta-feira, as avaliações aos esboços orçamentais remetidos pelos 19 países que integram a Zona Euro, tendo apontado, entre outros, França, Itália, Espanha (as três maiores economias a seguir à Alemanha) e Portugal como estando em risco de violarem as regras. Devido à proximidade de eleições, os rascunhos enviados para Bruxelas por Portugal, Espanha e Bélgica assentam em políticas invariantes, o que levou a Comissão a pedir os novos planos o quanto antes.

Em traços gerais, a Comissão frisa que os planos daqueles países não correspondem ao ajustamento orçamental pretendido, seja nos esforços aquém do necessário para melhorar o saldo estrutural (exclui o ciclo económico), no défice ou na contenção da despesa.

As análises da Comissão surgiram no mesmo dia em que o Banco Central Europeu reiterou o pedido para que os governos abram os cordões à bolsa para travar a ameaça recessiva.

Não apenas pela dimensão das respetivas economias, mas pela importância relativa de ambos, o risco de incumprimento por Itália e França é o mais relevante. Quanto a Itália, é sinalizada a abordagem "ligeiramente expansionista" com reflexo na deterioração do saldo estrutural. Após ter voltado a crescer entre 2018 e 2019, e mesmo salientando a redução prevista da dívida de 135,7% neste ano para 135,2% do PIB em 2020, sobretudo graças a menores custos de financiamento, Pierre Moscovici mantém o alerta vermelho.

O ainda comissário para os Assuntos Económicos "lembra que os "problemas de Itália são estruturais" e, "sem querer ser catastrofista", o francês defende que é preciso "continuar a vigiar a dívida italiana".

A Comissão concedeu a Itália, de forma provisória, uma folga de 10,18% do PIB de 2019 para suportar custos relacionados com eventos naturais, tais como terramotos e cheias. Sobre os custos para 2020, Bruxelas fará nova avaliação aquando das previsões da primavera.

Sobre França é destacada a não melhoria do saldo estrutural apesar da descida do défice para 2,2% (deverá ser de 3,1% em 2019) e sublinhada a necessidade de contenção da despesa.

A Comissão considera que a perda de receita decorrente dos cortes de impostos anunciados para conter os coletes amarelos será compensada pela redução do custo da dívida - Paris prevê baixar a dívida de 98,8% em 2019 para 98,7% em 2020, descida ainda assim abaixo do estipulado pelas regras.

Os receios suscitados pelos esboços de orçamento não levam, contudo, Bruxelas a exigir medidas imediatas. Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão com a tutela do euro, admite que as "medidas necessárias" não sejam adotadas "desde já", pois Bruxelas fará nova avaliação na primavera, altura em que, se consideradas necessárias, serão prescritas políticas corretivas.
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