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Inflação acima da meta do BCE pela primeira vez em quatro anos
O índice de preços no consumidor da Zona Euro cresceu 2% no mês de Fevereiro, sendo a primeira vez em quatro anos que supera a meta do Banco Central Europeu.
A inflação na Zona Euro atingiu 2% no mês de Fevereiro, de acordo com a primeira estimativa do Eurostat, divulgada esta quinta-feira, 2 de Março.
O valor saiu em linha com as estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg e representa uma aceleração face aos 1,8% registados em Janeiro.
O registo de Fevereiro é o mais elevado desde Janeiro de 2013 (mês em que também atingiu 2%) e ganha particular importância pois é a primeira vez em quatro anos que a inflação se situa acima da meta do BCE. A autoridade monetária tem como objectivo que a inflação fique próximo mas abaixo dos 2%.
O relatório do gabinete de estatísticas da Comissão Europeia vem assim reforçar o debate já lançado na região, sobre se o BCE não deverá começar a abrandar a política de estímulos, uma vez que a deflação já não é uma ameaça e a economia da Zona Euro está a dar sinais sustentados de recuperação neste início de 2017.
Contudo, esta aceleração da taxa de inflação (que em Fevereiro do ano passado ainda estava em valores negativos: -0,2%) está relacionada sobretudo com a valorização dos preços do petróleo. A inflação "core", que exclui energia e bens alimentares, foi de 0,9% em Fevereiro, estabilizando pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com o Eurostat, os preços dos bens energéticos dispararam 9,2% em Fevereiro.
É por isso que Mario Draghi, presidente do BCE, tem desvalorizado a subida recente da taxa de inflação e rejeitado que os dados representem uma pressão sobre a autoridade monetária para retirar a política de estímulos.
Comentando o valor da inflação na Alemanha, que atingiu um máximo de quatro anos e meio ao subir para 2,2%, o governador do Bundesbank, Jens Weidmann, afirmou que "assumindo que os preços do petróleo não sobem mais… a inflação este ano deverá" superar as previsões. "Para a Alemanha, é esperada uma revisão em torno de um ponto percentual e meio, e talvez seja o caso para a Zona Euro como um todo", afirmou Weidmann, citado pela Reuters, defendendo que apesar de se prever que os preços no consumidor subam mais este ano, a política monetária acomodatícia permanece apropriada.
Draghi também tem argumentado que a inflação só atingirá a meta do BCE se for alcançada de forma duradoura, sustentável e representativa da Zona Euro como um todo. As projecções divulgadas recentemente pelo banco central apontam para que a inflação atinja 1,3% na média deste ano, acelerando para 1,5% em 2018.
Além da subida da inflação estar relacionada sobretudo com os bens energéticos, Draghi tem também alertado que persistem riscos na recuperação da economia da Zona Euro, sobretudo externos, como o Brexit e mudança de política económica nos EUA, mas também interna, com eleições legislativas em França e na Alemanha.
O BCE tem actualmente em curso um programa de compra de activos, de 80 mil milhões de euros mensais até Abril, e 60 mil milhões de euros mensais daí até ao final do ano. A taxa de juro das operações principais de refinanciamento e as taxas de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez e da facilidade permanente de depósitos estão em 0%, 0,25% e -0,4% respectivamente.
(Notícia actualizada às 10:33 com mais informação)