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Tsipras alerta para riscos do eurocepticismo no futuro da Grécia
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, alertou hoje para os perigos económicos e políticos que poderão ocorrer caso a Europa permita que a Grécia acabe por se afundar, advertindo que o eurocepticismo crescente poderá levar a essa situação.
"A Europa encontra-se perante um dilema: ou se admitem as exigências dos povos do sul, que sofreram muito com a austeridade, e se corrige o rumo, ou se atua de forma arrogante e punitiva. Nesse caso a Grécia, pouco a pouco, acabaria por se afundar. Não obstante, isso não seria apenas um perigo económico, mas também político", afirmou o chefe do Governo grego em entrevista ao semanário alemão "Der Spiegel".
Nesse caso, precisou Tsipras, "o movimento popular crescente no sul que defende uma mudança de rumo converter-se-ia numa corrente antieuropeísta".
"Pelo facto de se punir o Syriza na Grécia não se consegue refrear a dinâmica do Podemos em Espanha", ao contrário, impele" o Podemos a cair no antieuropeísmo", considerou o responsável grego.
O resultado de o fazer, segundo disse Tsipras ao jornal alemão, consiste em "fortalecer Beppe Grillo (líder do Movimento 5 Estrelas) em Itália, a (presidente da Frente Nacional de extrema direita) Marine Le Pen, e o eurocético Nigel Farage no Reino Unido".
Relativamente às acusações recentes levadas a cabo pelo primeiro-ministro grego contra Espanha e Portugal, segundo as quais os dois países pretendiam minar o acordo entre a Grécia e a União Europeia para evitar riscos políticos internos, o chefe do Governo grego assinalou que se tratou de uma "crítica à política de austeridade".
"Não se pode falar de um conflito entre países. A Grécia não divide os Estados em adversários e amigos. Foi uma crítica à política de austeridade", afirmou.
O governante reiterou ainda que "o perigo para a Europa não está no Syriza ou no Podemos, mas sim na Frente Nacional, em França, ou na AFD (a eurocéptica Alternativa para a Alemanha), na Alemanha".
Na mesma entrevista, Tsipras descartou ainda uma saída da Grécia do euro porque, segundo sublinhou, a Europa e "a União Monetária é como uma camisola de lã que se começa a desfazer-se ninguém pode impedir que se desfaça por completo".