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Seis eurodeputados portugueses ganharam meio milhão por fora
Um relatório aponta o dedo aos empregos paralelos dos deputados ao Parlamento Europeu. Paulo Rangel é o que mais contribui para colocar Portugal na primeira metade desta tabela, logo acima de Espanha e Grécia.
Gestão de empresas, advocacia, consultoria, ensino, participação em conferências ou programas de televisão. Estas são algumas das 1.366 actividades paralelas declaradas pelos 751 deputados no Parlamento Europeu, que desde o início do actual mandato já geraram rendimentos suplementares de, pelo menos, 18 milhões de euros – até um máximo de 41 milhões de euros.
Um relatório da Transparency International, divulgado em Bruxelas esta terça-feira, 10 de Julho, mostra que seis dos 21 eurodeputados portugueses (ou seja, quase um terço dos eleitos em Julho de 2014) declaram exercer estes cargos – desde empregos regulares a lugares em administrações de empresas ou outros mandatos políticos – e viram entrar nas suas contas bancárias um mínimo de 404 mil euros, que acrescem ao rendimento base mensal de 8.484 euros suportado pelos contribuintes.
Estes montantes surgem estimados por baixo, já que as perto de duas mil declarações de interesses analisadas incluem intervalos largos para encaixar os rendimentos. Mais exacta é a (indesejada) posição cimeira dos eurodeputados portugueses nesta tabela liderada pelos franceses: o país surge no 10.º lugar, imediatamente acima da Espanha e da Grécia.
"Grandes rendimentos auferidos por fora representam um sério risco de conflitos de interesse. Que interesses estão, na verdade, esses eurodeputados a representar? O dos cidadãos ou o daqueles que lhes pagam por esses empregos paralelos?", questiona Daniel Freund, representante deste organismo internacional com sede em Berlim (Alemanha) e dedicado aos temas da transparência e do combate à corrupção.
Rangel desmente valores
Na lista dos 30 parlamentares que mais dinheiro recebem por fora, encabeçada pelo italiano Renato Soru, dono da operadora de telecomunicações Tiscali, surge Paulo Rangel. As seis actividades declaradas pelo social-democrata, incluindo como advogado e comentador televisivo, terão rendido nos últimos quatro anos entre 280 mil e 704 mil euros ao actual vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), fixando-o na 12.ª posição.
No relatório "Moonlighting in Brussels", a TI denuncia que até 30 eurodeputados terão ganho mais dinheiro por exercerem funções extra do que por aquelas para que foram eleitos, e aponta o dedo à fraca supervisão ética por parte do Parlamento Europeu, apesar do Código de Conduta estar em vigor desde 2012. Nestes últimos cinco anos, houve 24 quebras nessas regras, contrapõe Freund, mas só houve uma reprimenda e nenhuma foi mesmo sancionada.
Entre as recomendações deixadas neste estudo estão a criação de um organismo independente para punir as violações éticas e a exigência de maior detalhe sobre as acções paralelas e as fontes de rendimentos, a par da proibição completa do lóbi nos gabinetes de Estrasburgo e Bruxelas.