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Estudo: PS, BE e PCP unidos na Europa na defesa de um "Estado paternalista"

Os partidos que sustentam o Governo estão próximos na defesa de um Estado paternalista. Um estudo europeu conclui que os eurodeputados portugueses estão entre os que mais defendem legislação ligada ao estilo de vida.

Bloomberg
19 de Junho de 2018 às 09:00
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O PS, o BE e o PCP são dos partidos representados no Parlamento Europeu que mais apoio dão à regulamentação do estilo de vida dos cidadãos. Um estudo europeu sobre o que defendem os eurodeputados ao nível da regulação restritiva concluiu que Portugal está entre os que mais defendem um "Estado paternalista", o que contrasta com o estudo de 2017 que situava o país como um dos mais livre em termos de legislação do lifestyle. 

"O bicho do Estado paternalista infectou a maior parte da Europa", resume o estudo Nanny State Index 2018 - Edição do Parlamento Europeu divulgado pelo Epicenter (European Policy Center Information) e pela VoteWatch Europe esta segunda-feira. Em causa está a legislação aplicada a quatro áreas do estilo de vida: o álcool, o tabaco, os cigarros electrónicos e a comida. Este ano a análise foi feita através das posições adoptadas pelos eurodeputados de cada país nas votações de leis no Parlamento Europeu de 2004 a 2018. 

Para Portugal uma das conclusões é que, neste aspecto particular, o PS, o BE e o PCP estão muitos próximos. Isto porque o Partido Socialista é, dentro do seu grupo político (S&D), um dos partidos que mais defendem um "Estado paternalista" no conceito definido por este estudo, que traçou uma classificação entre o mais paternalista (0%) e o menos paternalista (100%). 

No caso do PS, a classificação foi de 22%, abaixo dos 27% alcançados pelo S&D. De acordo com o estudo, os eurodeputados socialistas são mais restritivos no que toca aos cigarros electrónicos e à comida. Por outro lado, é no álcool que defendem uma menor regulação. 

Os partidos que apoiam o actual Governo estão próximos do PS, principalmente porque estão acima do seu grupo político (GUE). O BE e o PCP classificam ambos com 17%, superior aos 11% do GUE. No caso do BE, apesar de ser o mais restritivo no álcool e nos cigarros electrónicos, o partido é mais liberal no caso dos cigarros. Já o PCP é menos restritivo no álcool, semelhante ao PS. 

Como estes três partidos têm a maioria entre os 21 eurodeputados portugueses, Portugal (48,17%) situa-se na metade da tabela dos Estados-membros mais a favor de um "Estado paternalista", ainda que longe dos países que lideram. Esta classificação contrasta ligeiramente com o índice do ano passado, o Nanny Index 2017, que analisava a legislação a nível nacional e colocava Portugal na metade dos países mais livres quanto à legislação do estilo de vida.

Do outro lado da tabela está o PSD e o CDS. Ambos pontuam 81%, acima da média do Partido Popular Europeu (PPE) de 71%. Aliás, neste índice não existem diferenças entre o que defendem os eurodeputados social-democratas e os centristas: a posição liberal é adoptada no que toca ao álcool e aos cigarros, sendo ligeiramente restritivos nos cigarros electrónicos e na comida. 

Estudo diz que há efeitos negativos nestas políticas

No espectro político europeu, os conservadores (ECR), do qual faz parte o Partido Conservador de Theresa May, constituem o grupo europeu mais liberal (75%) em termos de legislação sobre o estilo de vida. Do outro lado da barricada estão os Verdes (8%). Apesar de estes resultados serem esperados, uma análise a nível nacional ou partidária é mais surpreendente.

Por exemplo, o estudo conclui que os eurodeputados do Reino Unido, Polónia e Hungria tendem a votar contra a maior parte da regulação, ainda que os países em si estejam entre os mais restritivos. "Isto sugere uma separação com o Parlamento nacional, e uma correlação entre o euroceticismo e a tendência para apoiar uma regulação mais fraca [a nível europeu]", frisa o estudo.

De forma mais ampla, as conclusões sugerem que, recentemente, a legislação que restringe o estilo de vida aumentou dentro da União Europeia. As instituições que divulgam o relatório consideram que "não existe uma correlação positiva entre uma regulação pesada do mercado e a melhoria do bem-estar dos cidadãos europeus". É preciso uma regulação "inteligente", dizem.

Para o autor do estudo anti-legislação proibicionista, Christopher Snowdon, líder do departamento de economia do estilo de vida no Institute of Economic Affairs, "a maior parte da legislação paternalista é feita a nível nacional, mas as instituições europeias também têm um papel na regulação que passa para restringir as escolhas dos consumidores e que levam a consequências não desejadas".

O estudo sugere que há vários problemas criados por este tipo de políticas. "Os 'impostos-pecado' atingem mais fortemente os pobres", apontam, referindo que os preços mais altos alimentam o mercado "negro". Além disso, a proibição de publicidade "restringe a concorrência e sufoca a inovação". "A proibição de fumar afecta os bares e os clubes", acrescentam, argumentando que a "regulação excessiva cria demasiada burocracia e consome os recursos policiais".

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