Notícia
Portugal cumpriu "na plenitude" o que se propôs no digital, diz secretário de Estado
Na área do digital "cumprimos na plenitude aquilo que era o mandato que nos propusemos", afirmou André de Aragão Azevedo, num balanço da presidência portuguesa da UE nesta matéria.
21 de Junho de 2021 às 18:26
O secretário de Estado para a Transição Digital afirmou hoje, em entrevista à Lusa, que Portugal conseguiu na área do digital cumprir "na plenitude" o que se propôs, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia (UE).
Na área do digital "cumprimos na plenitude aquilo que era o mandato que nos propusemos", afirmou André de Aragão Azevedo (na foto), num balanço da presidência portuguesa nesta matéria.
"Na área do digital não ficou nada por fazer", asseverou, salientando que Portugal cumpriu e teve "reconhecimento internacional" de que deu "um contributo muito forte". "Há um reconhecimento que nós investimos, planeámos antecipadamente e conseguirmos entregar apesar das condicionantes da crise pandémica", sublinhou o governante.
"Hoje foi o encerrar deste ciclo da presidência portuguesa que teve um foco muito especial na área do digital", disse, referindo-se à discussão sobre o futuro das 'startups' e dos unicórnios que Portugal hoje acolheu (EU Next Generation Innovator Summit", que decorreu esta manhã.
O secretário de Estado apontou que o digital é um dos quatro desígnios estratégicos do Governo, a par da transição climática, as desigualdades e a natalidade.
"Portanto, fazia sentido que também durante a presidência déssemos um especial enfoque a esse tema e elegemos duas áreas em concreto para, no âmbito digital e no âmbito da presidência, marcarmos o acesso a esta agenda europeia", referiu.
"O primeiro tem a ver com o empreendedorismo, com o objetivo de iniciar um novo ciclo em que a Europa está um bocadinho aquém daquilo que são os mais diretos concorrentes, nomeadamente Estados Unidos, China, mas também nações mais pequenas como Israel ou Singapura que são as referências mundiais em termos de empreendedorismo, temos de encontrar a receita para estarmos de facto nessa linha da frente e o esforço que fizemos foi criar um documento uma declaração, que foi assinada em 19 de março, durante o Digital Day, que criou no fundo os requisitos básicos para que um país se possa considerar uma verdadeira 'Startup Nation'", prosseguiu.
"São oito áreas em que os países se comprometeram a trabalhar no sentido de confluírem e de convergirem em termos de cumprimento desses requisitos, estamos a falar de áreas como a tributação de 'stock options', retenção de talento ou a atração de talento" ou a criação de uma empresa ou de uma 'startup' no mesmo dia, entre outros.
No fundo, "são tudo áreas em que Portugal, já de alguma forma, tem um trabalho muito avançado nessa matéria, já somos hoje percecionados internacionalmente como um país que tem um ecossistema de empreendedorismo muito forte e muito robusto, mas que queremos elevar essa fasquia e queremos que Portugal seja ainda mais relevante", sublinhou.
Além disso, "conseguimos também ao mesmo tempo e no mesmo dia captar para Portugal uma iniciativa do Governo português, a Europe Startup Nation Alliance [Europa Startup Aliança das Nações], que é uma estrutura permanente europeia que vai pela primeira vez dedicar-se em exclusivo ao empreendedorismo", apontou.
"Isto é um ganho muito grande para Portugal porque nos coloca no mapa e como um país de referência", sublinhou o secretário de Estado. "Já tínhamos a Web Summit, agora temos também uma sede europeia mais institucional que vai contribuir para colocar Portugal no mapa nesta matéria", acrescentou André de Aragão Azevedo.
Em resumo, as duas áreas de foco da presidência portuguesa foram o empreendedorismo e os direitos e os valores fundamentais na área da Era digital, com esta última a ficar espelhada na Declaração de Lisboa, um documento que "pretende assumir a liderança europeia e a referência europeia em matéria de valores e princípios democráticos", apontou.
"A nossa convicção" enquanto país "é de que a Europa tem capitalizado pouco esse papel de referência mundial que é indiscutível em matéria de valores e princípios e que isso é um ativo muito importante porque ele é indutor de confiança no mercado e, como sabemos, não há mercado sem confiança", disse.
A Europa deve capitalizar este ativo "a seu favor", o que a torna num "parceiro confiável para outras geografias", defendeu.
"Quando nós convidamos países da América Latina ou de África para se reunirem connosco para estabelecerem relações comerciais é porque acreditamos que somos um parceiro mais confiável do que outras regiões e foi isso que vertemos na Declaração de Lisboa", ou seja, "queremos que o digital tenha sempre por base um conjunto de princípios que são princípios fundamentais daquilo que é o respeito pela pessoa humana, queremos uma digitalização de rosto humano e, portanto, faz todo o sentido que nós transponhamos para aquilo que é a realidade digital os mesmos princípios que estão na base do próprio projeto europeu", explicou.
A Declaração de Lisboa, referiu, é "no fundo o pontapé de partida" para uma Carta de Direitos Fundamentais internacional. "Por isso, abrimo-la à assinatura não só dos privados e das empresas, que queremos que se coresponsabilizem com estes compromissos, mas também de outros países fora da União Europeia, porque este não é um desafio europeu, isto é um desafio do mercado digital que é por natureza global", sublinhou o secretário de Estado.
E para quando a Carta de Direitos Fundamentais no digital? "Tentámos avançar o máximo que pudemos, é um processo que tem um procedimento próprio", salientou.
"Não é uma iniciativa que pudesse sequer ser atingível na presidência portuguesa, se não teríamos conseguido", salientou, apontando que segundo o cronograma, tal levará "pelo menos cerca de dois anos", já que tem um processo legislativo próprio.
O aumento da dependência relativamente ao digital "pressupõe que tenhamos também um crescimento de cautelas e a necessidade absoluta de começar gradualmente a haver alguma espécie de regulação", considerou, recordando o passo dado a nível europeu com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), que é uma "excelente referência sobre a importância da regulação numa área tão sensível" como a privacidade.
"O que vimos é que a Europa quando anunciou esta intenção foi apelidada de retrógrada e de alguma forma" contrária ao interesse da inovação, mas o que se concluiu "foi exatamente o contrário", descreveu o governante.
A afirmação do princípio de privacidade veio "no fundo induzir a confiança dos consumidores que sabem que no espaço europeu é levada a sério" e acabou por funcionar "como um referencial para o resto do mundo", exemplificou. "Mesmo em outras que no início eram críticas", empresas tecnológicas têm agora como padrão mundial o RGPD, referiu.
Durante a presidência portuguesa foi também inaugurado o cabo de fibra ótica submarino EllaLink, que liga a Europa à América do Sul.
Esta inauguração é "de alguma forma simbólica porque marca esta autonomização da Europa, reforça a conectividade que sabemos que é a autoestrada do futuro e onde se faz grande parte das transações hoje em dia e coloca Portugal na linha da frente, abrindo a porta também a outros investimentos como os que anunciámos recentemente de um grande consórcio internacional que se vai instalar exatamente em Sines", salientou.
Trata-se de "um salto muito importante naquilo que é também esta a estratégia de abertura da Europa ao mundo e de menor dependência da Europa em relação por exemplo os Estados Unidos", considerou André de Aragão Azevedo.
Na área do digital "cumprimos na plenitude aquilo que era o mandato que nos propusemos", afirmou André de Aragão Azevedo (na foto), num balanço da presidência portuguesa nesta matéria.
"Hoje foi o encerrar deste ciclo da presidência portuguesa que teve um foco muito especial na área do digital", disse, referindo-se à discussão sobre o futuro das 'startups' e dos unicórnios que Portugal hoje acolheu (EU Next Generation Innovator Summit", que decorreu esta manhã.
O secretário de Estado apontou que o digital é um dos quatro desígnios estratégicos do Governo, a par da transição climática, as desigualdades e a natalidade.
"Portanto, fazia sentido que também durante a presidência déssemos um especial enfoque a esse tema e elegemos duas áreas em concreto para, no âmbito digital e no âmbito da presidência, marcarmos o acesso a esta agenda europeia", referiu.
"O primeiro tem a ver com o empreendedorismo, com o objetivo de iniciar um novo ciclo em que a Europa está um bocadinho aquém daquilo que são os mais diretos concorrentes, nomeadamente Estados Unidos, China, mas também nações mais pequenas como Israel ou Singapura que são as referências mundiais em termos de empreendedorismo, temos de encontrar a receita para estarmos de facto nessa linha da frente e o esforço que fizemos foi criar um documento uma declaração, que foi assinada em 19 de março, durante o Digital Day, que criou no fundo os requisitos básicos para que um país se possa considerar uma verdadeira 'Startup Nation'", prosseguiu.
"São oito áreas em que os países se comprometeram a trabalhar no sentido de confluírem e de convergirem em termos de cumprimento desses requisitos, estamos a falar de áreas como a tributação de 'stock options', retenção de talento ou a atração de talento" ou a criação de uma empresa ou de uma 'startup' no mesmo dia, entre outros.
No fundo, "são tudo áreas em que Portugal, já de alguma forma, tem um trabalho muito avançado nessa matéria, já somos hoje percecionados internacionalmente como um país que tem um ecossistema de empreendedorismo muito forte e muito robusto, mas que queremos elevar essa fasquia e queremos que Portugal seja ainda mais relevante", sublinhou.
Além disso, "conseguimos também ao mesmo tempo e no mesmo dia captar para Portugal uma iniciativa do Governo português, a Europe Startup Nation Alliance [Europa Startup Aliança das Nações], que é uma estrutura permanente europeia que vai pela primeira vez dedicar-se em exclusivo ao empreendedorismo", apontou.
"Isto é um ganho muito grande para Portugal porque nos coloca no mapa e como um país de referência", sublinhou o secretário de Estado. "Já tínhamos a Web Summit, agora temos também uma sede europeia mais institucional que vai contribuir para colocar Portugal no mapa nesta matéria", acrescentou André de Aragão Azevedo.
Em resumo, as duas áreas de foco da presidência portuguesa foram o empreendedorismo e os direitos e os valores fundamentais na área da Era digital, com esta última a ficar espelhada na Declaração de Lisboa, um documento que "pretende assumir a liderança europeia e a referência europeia em matéria de valores e princípios democráticos", apontou.
"A nossa convicção" enquanto país "é de que a Europa tem capitalizado pouco esse papel de referência mundial que é indiscutível em matéria de valores e princípios e que isso é um ativo muito importante porque ele é indutor de confiança no mercado e, como sabemos, não há mercado sem confiança", disse.
A Europa deve capitalizar este ativo "a seu favor", o que a torna num "parceiro confiável para outras geografias", defendeu.
"Quando nós convidamos países da América Latina ou de África para se reunirem connosco para estabelecerem relações comerciais é porque acreditamos que somos um parceiro mais confiável do que outras regiões e foi isso que vertemos na Declaração de Lisboa", ou seja, "queremos que o digital tenha sempre por base um conjunto de princípios que são princípios fundamentais daquilo que é o respeito pela pessoa humana, queremos uma digitalização de rosto humano e, portanto, faz todo o sentido que nós transponhamos para aquilo que é a realidade digital os mesmos princípios que estão na base do próprio projeto europeu", explicou.
A Declaração de Lisboa, referiu, é "no fundo o pontapé de partida" para uma Carta de Direitos Fundamentais internacional. "Por isso, abrimo-la à assinatura não só dos privados e das empresas, que queremos que se coresponsabilizem com estes compromissos, mas também de outros países fora da União Europeia, porque este não é um desafio europeu, isto é um desafio do mercado digital que é por natureza global", sublinhou o secretário de Estado.
E para quando a Carta de Direitos Fundamentais no digital? "Tentámos avançar o máximo que pudemos, é um processo que tem um procedimento próprio", salientou.
"Não é uma iniciativa que pudesse sequer ser atingível na presidência portuguesa, se não teríamos conseguido", salientou, apontando que segundo o cronograma, tal levará "pelo menos cerca de dois anos", já que tem um processo legislativo próprio.
O aumento da dependência relativamente ao digital "pressupõe que tenhamos também um crescimento de cautelas e a necessidade absoluta de começar gradualmente a haver alguma espécie de regulação", considerou, recordando o passo dado a nível europeu com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), que é uma "excelente referência sobre a importância da regulação numa área tão sensível" como a privacidade.
"O que vimos é que a Europa quando anunciou esta intenção foi apelidada de retrógrada e de alguma forma" contrária ao interesse da inovação, mas o que se concluiu "foi exatamente o contrário", descreveu o governante.
A afirmação do princípio de privacidade veio "no fundo induzir a confiança dos consumidores que sabem que no espaço europeu é levada a sério" e acabou por funcionar "como um referencial para o resto do mundo", exemplificou. "Mesmo em outras que no início eram críticas", empresas tecnológicas têm agora como padrão mundial o RGPD, referiu.
Durante a presidência portuguesa foi também inaugurado o cabo de fibra ótica submarino EllaLink, que liga a Europa à América do Sul.
Esta inauguração é "de alguma forma simbólica porque marca esta autonomização da Europa, reforça a conectividade que sabemos que é a autoestrada do futuro e onde se faz grande parte das transações hoje em dia e coloca Portugal na linha da frente, abrindo a porta também a outros investimentos como os que anunciámos recentemente de um grande consórcio internacional que se vai instalar exatamente em Sines", salientou.
Trata-se de "um salto muito importante naquilo que é também esta a estratégia de abertura da Europa ao mundo e de menor dependência da Europa em relação por exemplo os Estados Unidos", considerou André de Aragão Azevedo.