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PM irlandês apoia referendo sobre reunificação com a Irlanda do Norte

Enda Kenny considera que a "possibilidade" de reunificação das duas Irlandas deve ser tida em conta nas negociações, entre Londres e Bruxelas, sobre o Brexit. O primeiro-ministro fala mesmo num referendo.

Aidan Crawley/Bloomberg
19 de Julho de 2016 às 13:49
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O primeiro-ministro da República da Irlanda, Enda Kenny, defende que a "possibilidade" de reunificação com a Irlanda do Norte deve ser tida em conta nas negociações que serão em breve iniciadas entre Londres e Bruxelas com vista à saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

 

De acordo com o Irish Times, o político de centro-direita e líder do Fine Gael, num discurso feito na noite da passada segunda-feira, 18 de Julho, abordou a hipótese de, em algum momento,os irlandeses se poderem pronunciar sobre a eventual reunificação dos dois estados, embora tenha reconhecido que as condições para tal votação não estejam ainda reunidas.

 

Para Enda Kenny esse hipotético referendo deveria ter lugar se, em determinado momento, a população norte-irlandesa desse indicações de que gostaria de abandonar o Reino Unido e, em consequência, juntar-se à República da Irlanda.

 

"A discussão e as negociações que terão lugar proximamente devem levar em linha de conta essa possibilidade (…) de que se houver uma clara evidência de uma maioria de pessoas [da Irlanda do Norte] a querer abandonar o Reino Unido e juntar-se à República [da Irlanda], então isso deve ser atendido nas discussões [sobre o Brexit]", justificou Kenny citado pelo EUObserver.

 

As palavras do primeiro-ministro irlandês não podem ser dissociadas do facto de no referendo britânico sobre o Brexit, tal como na Escócia, também na Irlanda do Norte ter vencido o sim à permanência na UE. Enda Kenny recorreu mesmo ao exemplo da reunificação alemã, em 1990, em que a República Democrática Alemã (RDA), que não era Estado-membro da UE, passou a pertencer ao bloco europeu logo que se concretizou a reunificação com a Republica Federal da Alemanha (RFA).

No domingo tinha sido Micheál Martin, líder do Fianna Fáil, que após um acordo histórico suporta no Parlamento irlandês o Executivo do Fine Gael chefiado por Kenny, a levantar a questão relacionada com a possibilidade de um referendo. Contudo, também o Martin admitiu que nesta altura são reduzidas as possibilidades de concretização da referida consulta popular.

 

Citado pelo Irish Times, Gerry Adams, líder dos nacionalistas do Sinn Féin, que conseguiu um resultado inesperadamente positivo nas legislativas deste ano, concordou com as declarações feitas pelo primeiro-ministro, pedindo mesmo a Enda Kenny que vá "além da retórica".

 

Enda Kenny não se quis comprometer mas deixou claro que a possibilidade de reunificação não é totalmente descabida: "Quem sabe o que pode acontecer no futuro? Estou somente a notar que este tipo de questões tem de ser analisada sob várias perspectivas", explicou Kenny antes de realçar que "as pessoas também diziam que seria impossível o Reino Unido abandonar a UE".

 

A própria Theresa May, actual primeira-ministra do Reino Unido, disse, quando era ainda ministra do Interior, que a questão relacionada com a fronteira aberta entre as duas Irlandas teria de ser discutida no âmbito do processo negocial do Brexit. Os controlos na fronteira entre os dois estados só foram levantados, milhares de mortes depois, em 1998, com o acordo que permitiu aos católicos da Irlanda do Norte manter contacto com a República da Irlanda.

 

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