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Pacheco Pereira: “A Europa não é um país”
O historiador e comentador político considera que a Europa fundada no pós guerra não existe mais. Como tal, não faz sentido querer unificar um espaço que já não assenta nos princípios em que foi criado.
Para Pacheco Pereira, a considerar a Europa como um território único é insustentável. “A Europa não é um país”, defende, acrescentando que a concepção europeia que ainda se debate já não existe.
“Até há 15 anos havia um princípio da igualdade entre os Estados”, afirma o historiador. Mas esse princípio acabou com a queda do Muro de Berlim (1989) e com o fim da URSS (1991). “A partir dessa altura aconteceu um conjunto de factores que não conseguiu perpetuar os princípios base europeus”, considera o histórico social-democrata, que falava na conferência “Portugal europeu. E agora”, organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
De acordo com Pacheco Pereira, as contrapartidas de tornar a Europa num Estado federal são imensas e perigosas. “Para evitarmos uma espécie de Guerra da Secessão temos de pensar em alternativas ao federalismo”, disse o comentador.
O historiador indicou ainda que o euro “impede a competitividade dos países” e mais tarde ou mais cedo “as pessoas vão revoltar-se”. “A ideia do euro parecia positiva. A moeda podia não ser o obstáculo que é se outras políticas tivessem sido seguidas”.