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May regressa sábado a Bruxelas para prosseguir conversações sobre o Brexit
A primeira-ministra britânica anunciou que regressa a Bruxelas, no sábado, para prosseguir as conversações sobre o Brexit, na véspera de um Conselho Europeu extraordinário para adoptar o acordo preliminar sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
"Voltarei no sábado [a Bruxelas] para novas reuniões (...), para debater como podemos garantir a conclusão deste processo", disse Theresa May esta quarta-feira aos jornalistas britânicos, à saída de uma reunião hoje, em Bruxelas, com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Falando à imprensa britânica, May disse que teve "uma muito boa reunião". "Fizemos mais progressos e, como resultado, demos suficientes indicações aos nossos negociadores para que, espero, sejam capazes de resolver os problemas que continuam sobre a mesa", adiantou.
May assegurou que o trabalho das equipas dos dois lados começará de forma "imediata" para fechar os detalhes do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia e do documento complementar que inclui as bases da futura relação comercial.
"Foram feitos bons progressos durante a reunião", declarou por seu turno a porta-voz da Comissão Europeia, referindo que "o trabalho continua", mas sem dar pormenores.
As negociações vão continuar até à véspera do Conselho Europeu extraordinário, no domingo, em Bruxelas, durante o qual os líderes dos 27 devem dar 'luz verde' a um acordo final com o Reino Unido.
Nenhum dos dois lados pormenorizou os pontos de bloqueio, mas vários dossiês cristalizaram as tensões nos últimos dias, nomeadamente quanto ao estatuto do território britânico de Gibraltar, a natureza da futura relação comercial entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido ou o acesso dos pescadores da UE às águas territoriais britânicas depois do Brexit.
O acordo alcançado na semana passada pelas equipas de negociação foi sobre o projecto de um "tratado de saída" do Reino Unido da UE, um texto de quase 600 páginas, que desata laços com mais de 40 anos.
Este texto resolve a questão da factura que Londres deverá pagar à UE, sem a quantificar, e prevê uma solução controversa para evitar, como último recurso, o regresso de um limite físico entre a República da Irlanda e o território da Irlanda do Norte.
Todavia, este tratado é criticado no Reino Unido, onde os seus opositores acusam Theresa May de ter feito concessões excessivas à UE, e tem ainda que ser acompanhado por uma "declaração política", delineando os contornos da futura relação com a UE, em especial a nível comercial.
É a negociação deste documento, "cerca de 20 páginas", segundo disse uma fonte europeia à agência noticiosa France-Presse, em que se centram os últimos esforços dos negociadores.
Este documento não terá valor jurídico, mas um forte peso político para enquadrar as negociações comerciais que só podem começar formalmente, depois do Brexit, a 30 de Março de 2019.
Ambas as partes têm um período de transição para negociar, até o final de 2020, e podem estendê-lo, caso necessário, mas Londres, tal como os 27, já deve dar um mínimo de visibilidade sobre este "relacionamento futuro".