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Macron: "O mundo espera por nós, que sejamos fortes, sólidos e clarividentes"

No primeiro discurso como presidente de França, Emmanuel Macron apelou à união do país e à reforma das instituições e comprometeu-se com uma maior protecção dos franceses, em particular os jovens.

Reuters
14 de Maio de 2017 às 10:43
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O novo presidente da República francesa, Emmanuel Macron, defendeu este domingo, 14 de Maio, o papel de França na Europa e no mundo, apelando à união dos franceses e ao reforço da confiança no país e a um papel mais activo na cena internacional, exigindo uma Europa "mais eficaz, democrática e política."

No seu discurso de tomada de posse no palácio presidencial do Eliseu, em Paris, Macron – que aos 39 anos se torna no mais novo presidente de França - defendeu que o "mundo e Europa precisam mais que nunca da França, forte, certa do seu destino e que saiba inventar o futuro. De que os franceses e França sempre lhe mostraram," argumentando que cabe ao país corrigir os "excessos" do curso do mundo.

Numa intervenção que durou cerca de 15 minutos, elencou duas exigências com as quais se compromete no mandato de cinco anos que agora se inicia: devolver aos franceses a confiança em si próprios e dar esse exemplo a nível internacional.

Como parte da primeira exigência, garantiu que os franceses "deverão ver-se mais protegidos" e comprometeu-se com a libertação do trabalho, o apoio às empresas e o encorajamento da iniciativa, ao mesmo tempo que prometeu colocar no centro da sua acção a cultura, a educação, a criação e a inovação. 

"Apesar dos ventos contrários, o país tem todos os recursos para figurar na primeira linha das nações," defendeu, apelando à responsabilidade de todas as elites e garantindo que os franceses serão escutados e protegidos. "As francesas e os franceses que se sentem esquecidos por este vasto movimento do mundo deverão ver-se mais bem protegidos," argumentou.

Depois, virou-se para a cena internacional, prometendo dar o exemplo de um povo e enumerando as conquistas de cada um dos seus antecessores: De Gaulle, Pompidou Giscard d'Estaing, Miterrand, Chirac e Sarkozy, até Hollande.

A interdependência e vizinhança torna comuns, disse, temas como a crise migratória, as alterações climáticas, os efeitos do capitalismo as derivas autoritárias ou a ameaça terrorista. "Chegou a altura da França se elevar à altura do momento. O mundo espera que sejamos fortes, clarividentes. (...) Temos um trabalho imenso: corrigir os excessos do rumo do mundo. É essa a nossa vocação," afirmou.

E deixou o recado aos parceiros do velho continente, reclamando a necessidade de uma Europa "mais eficaz, mais democrática"

"Temos de construir o mundo que a nossa juventude merece. (...) Nada me fará renunciar a defender os interesses de França," assegurou.

Uma transição "simples, clara e amigável"

Às 11:09 locais (menos uma hora em Portugal Continental) François Hollande, com a partida numa viatura DS de fabrico francês, deixou de ser presidente. Onze minutos depois, Macron era anunciado presidente da República, ao som de música de câmara, no interior do palácio do Eliseu, em Paris.

O presidente cessante, que cumpriu um mandato de cinco anos no cargo, tinha prometido uma transição "simples, clara e amigável", tanto mais que não considera Macron – um antigo ministro da Economia de um governo seu – como um opositor político. Entre os temas sensíveis da passagem de poder em Paris, que ocupou mais de uma hora de reunião entre os ex e novo presidente, estiveram os códigos com os quais o presidente pode dar ordem de uso da força nuclear.

Depois, Laurent Fabius, presidente do conselho constitucional, anunciou os resultados da votação do último domingo: 20.743.128 de eleitores votaram em Macron, tornando-o no oitavo presidente eleito da V República. Aludiu à "campanha inédita" e citou Chateaubriand: "Para se ser um homem do seu país é preciso ser-se um homem do seu tempo".

"Acalme a ira, repare as feridas, trace o caminho e protagonize a esperança. A sua vitória será a vitória da França," disse Fabius.

Agenda preenchida para segunda-feira

O primeiro-ministro do novo governo francês será nomeado pelo presidente esta segunda-feira de manhã e os nomes e pastas dos ministros serão conhecidos um dia depois. Entre os nomes que têm sido sugeridos na imprensa, o mais insistente é o de Edouard Philippe, um autarca, deputado e porta-voz da campanha do candidato às primárias da direita Alain Juppé.

Também falados para o cargo estão o secretário-geral do La République en Marche (o movimento político de Macron, de quem é considerado braço-direito), Richard Ferrand, a eurodeputada centrista Sylvie Goulard e do antigo ministro Jean-Louis Borloo, com pastas como a economia, as cidades e renovação urbana sob as presidências de Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy.

Uma sondagem do Ifop conhecida este domingo conclui que os franceses inquiridos apontam para que o sucessor de Bernard Cazeneuve seja um perfil masculino, com menos de 50 anos e com experiência no mundo profissional e do mundo, mais do que na política. Além disso, preferem que seja politicamente neutro, que fale inglês e que tenha tido um emprego fora da política.

A agenda do primeiro dia útil da presidência Macron estará marcada pelo encontro com a chanceler alemã Angela Merkel em Berlim, onde analisarão a segurança – desde logo em torno da ameaça terrorista -, a economia, o investimento e a protecção social na Europa.

O próximo desafio imediato de Macron são as eleições legislativas de 18 junho, para as quais transformou em partido (La République en Marche) o movimento político (En Marche) que o levou ao Eliseu.

Emmanuel Macron venceu (65,9%) a segunda volta das eleições presidenciais em França a 7 de Maio, derrotando a candidata da Frente Nacional Marine Le Pen (34,1%) e tornando-se aos 39 anos no presidente mais jovem de sempre da República Francesa. Será o oitavo presidente da V República.


(Notícia actualizada às 11:21 com mais informação)

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