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François Hollande termina mandato marcado por impopularidade recorde

O presidente francês, François Hollande, sai no domingo do Palácio do Eliseu como o mais impopular de todos os presidentes franceses e com o seu Partido Socialista confrontado com o pior resultado em quase cinco décadas.

Reuters
12 de Maio de 2017 às 08:35
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François Hollande, 62 anos, entrega a presidência ao seu ex-ministro e ex-conselheiro Emmanuel Macron, 39 anos, um novato na política eleito com a promessa de uma ruptura com os últimos cinco anos e de uma renovação política. Contrariamente à imagem política que lhe estava associada, Hollande impôs-se como líder militar, tendo lançado operações militares em vários países -- Mali, República Centro-Africana, Síria e Iraque.

Internamente, assumiu-se como líder compreensivo mas também determinado face ao terrorismo, com vários atentados terroristas a abalarem o país desde 2015 com um balanço de mais de 200 mortos. Mas a má prestação da economia, com a sua política económica contestada até por colaboradores próximos, é apontada como a principal razão para essa impopularidade e por uma inegável desvalorização da função presidencial aos olhos da população.

Eleito em 2012, o primeiro socialista a alcançar o Eliseu desde François Mitterrand (1981-1995), Hollande quis marcar uma diferença clara em relação ao antecessor, Nicolas Sarkozy, descrito como hiperactivo e conflituoso, apresentando-se como um "presidente modesto".

A popularidade ressente-se desde esses primeiros meses, com críticas a uma "falta de capacidade de decisão", "falta de autoridade" e "demasiado tacticismo".

Em 2013, a reforma legislativa que estende o casamento aos casais homossexuais, que prometera na campanha, provoca uma fractura na sociedade francesa.

Na mesma altura, o aumento sem precedente dos impostos pagos pelos cidadãos e pelas empresas e a redução considerável da despesa pública geram hostilidade.

A meio do mandato, no princípio de 2014, a ineficácia das medidas tomadas para fazer baixar de uma elevada taxa de desemprego leva Hollande a uma viragem neoliberal que lhe vale fortes críticas da ala esquerda do partido e a demissão de vários ministros.

É nesta fase que atinge a mais baixa taxa de popularidade de um presidente francês desde 1958, com apenas cerca de 20% a manifestarem confiança no chefe de Estado. A hostilidade culmina dois anos depois, no princípio de 2016, com a oposição declarada de vários deputados da sua maioria à reforma da lei do trabalho, contestada por milhares de jovens e de trabalhadores nas ruas do país.

Pelo meio, a vida privada, que se tinha dito cioso de preservar, sai para a praça pública com a revelação, em Janeiro de 2014, de uma relação extraconjugal com a actriz Julie Gayet, seguida da separação da companheira dos últimos sete anos, Valérie Trierweiler.

A terminar o mandato, sem condições políticas para seguir a tradição francesa de exercer dois mandatos sucessivos, François Hollande deixa um panorama político complexo, com o Partido Socialista profundamente dividido e a lutar pela sobrevivência, a extrema-direita com o mais alto nível de popularidade desde a II Guerra Mundial e o desemprego persistentemente nos 10%.

 

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