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Líderes europeus isolam Orbán em cimeira com lágrimas à mistura

A nova lei que discrimina a comunidade LGBTI foi a gota de água que levou os líderes europeus a confrontarem o líder da Hungria sobre os valores fundamentais da UE e a porem em causa a permanência do país no bloco europeu.

Lusa/EPA
25 de Junho de 2021 às 12:05
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Não eram esperadas decisões fundamentais saídas deste Conselho Europeu que decorre, desde quinta-feira, em Bruxelas. Porém, também ninguém esperaria que, após anos de sucessivos desafios aos valores fundamentais em que assentou a criação da União Europeia, a participação húngara no projeto europeu fosse, frontalmente, posta em causa.

E foi isso mesmo que aconteceu no primeiro dia da cimeira, que se prolongou noite dentro. A nova lei adotada na Hungria, que proíbe aquilo que as autoridades locais enquadram como "promoção" da homossexualidade a menores de 18 anos, foi o mote para pressionar e isolar o primeiro-ministro nacional-autoritário, Viktor Orbán.

O Politico escreve que, além das posições de força adotadas em relação a Orbán, houve também espaço à emoção, o que acabou por deixar o líder húngaro sob ainda maior pressão.

Já esta manhã, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse que "toda a gente ficou com lágrimas nos olhos" ao ouvir o chefe do governo luxemburguês, Xavier Bettel, descrever as dificuldades sentidas ao longo da vida para ser aceite como homossexual.

"Eu não me tornei gay. Eu sou. Não é uma escolha", atirou Bettel, dirigindo-se diretamente a Orbán e acrescentando que o húngaro está a ultrapassar a "linha vermelha" relativa aos "direitos fundamentais e ao direito de ser diferente".

Por seu turno, Mark Rutte sugeriu mesmo a Viktor Orbán que siga o exemplo do Reino Unido e ative o artigo 50 dos tratados para, já que não se identifica com os valores comunitários, agir em conformidade e abandonar a Hungria da UE.

De acordo com os relatos da imprensa europeia, da chanceler alemã, Angela Merkel, ao presidente francês, Emmanuel Macron, passando pelo primeiro-ministro português, António Costa, a generalidade dos líderes europeus questionou o compromisso de Orbán com os valores da União.

Como vem sendo hábito, do lado de Budapeste posicionou-se a Polónia, país que a par da Hungria é alvo de procedimentos por violação das regras do Estado de direito, e que também é liderado por um governo de pendor iliberal.

Os últimos anos vêm sendo marcados por embates entre a maior parte dos países da União Europeia e a Hungria, devido a temas como migração e a independência de tribunais e dos media.

Posição de força contra Putin


Por outro lado, Merkel e Macron não conseguiram levar por diante a intenção de realizar uma cimeira entre a UE e a Rússia. Como reconheceu a própria chanceler - que gostaria de um "passo mais corajoso" no sentido do diálogo com Moscovo -, não houve acordo quanto à realização de uma cimeira com o presidente russo, Vladimir Putin.

No entender de Mark Rutte, tal cimeira seria uma espécie de "prémio" a Putin. O holandês considera que será preciso dialogar com Moscovo e que a ameaça russa não pode ser uma questão para os Estados Unidos tratarem isoladamente. No entanto, defendeu ser ainda cedo para retomar o diálogo com as autoridades russas.

Vingou assim a intenção da Polónia e dos países Bálticos, que preconizam o reforço da posição europeia contra a crescente ameaça de Moscovo. Como tal, o Conselho Europeu aprovou, nas conclusões do primeiro dia da cimeira, um comunicado que reforça as exigências relativamente à Rússia e que acena com sanções económicas adicionais caso Putin insista em desafiar a ordem internacional.

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