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Inflação põe britânicos a exportar mais para a UE do que antes do Brexit
Exportações britânicas para a UE têm crescido à boleia da inflação e já ultrapassaram valores de 2019. Em termos reais, estão ainda abaixo.
As exportações do Reino Unido para a União Europeia caíram a pique com a saída do país do bloco europeu. Mas, desde então, as trocas comerciais entre as duas partes têm recuperado e as exportações britânicas para a UE superaram já valores de 2019, devido sobretudo à subida da inflação. Porém, as exportações de bens britânicas ainda não retomaram valores pré-Brexit em termos reais.
Um relatório elaborado pelos serviços da Câmara dos Comuns sobre a evolução das trocas comerciais entre o Reino Unido e a UE revela que, em 2022, os britânicos exportaram para os 27 Estados-membros um conjunto de bens e serviços no montante total de 340 mil milhões de libras (cerca de 385 mil milhões de euros). Quer isso dizer que as “exportações excederam os níveis de 2019 em 2022”, após essas terem afundado em 2022 com o Brexit.
A Câmara dos Comuns alerta que “devem ser tidos em conta os elevados níveis atuais de inflação”, tendo em conta que os dados apresentados são a preços correntes, ou seja, não excluem os efeitos da inflação, que se traduziu num aumento dos preços dos produtos transacionados, o que faz com que o total faturado com as compras e vendas ao exterior seja “insuflado”.
Desses cerca de 385 mil milhões de euros em bens e serviços exportados pelo Reino Unido, 42% tiveram como destino a UE, que continua a ser um dos principais parceiros comerciais dos ingleses mesmo depois de terem deixado o bloco.
A Câmara dos Comuns sinaliza, no entanto, que os dados sobre o comércio de bens que são disponibilizados em termos reais (que descontam a inflação) “mostram que as exportações de bens do Reino Unido para a UE permanecem abaixo dos níveis de 2019”. Nesse ano, as exportações de bens para a UE foram de 170 mil milhões de libras (cerca de 190 mil milhões de euros), enquanto em 2002, foi de 158 mil milhões de libras (cerca de 180 mil milhões de euros).
Por outro lado, os britânicos importaram 432 mil milhões de libras (cerca de 490 mil milhões de euros) em bens e serviços da UE, o que correspondeu a 48% do total de importações do Reino Unido. A Câmara dos Comuns nota, no entanto, que o país “ainda não impôs controlos fronteiriços completos às importações de mercadorias da UE” e que essa introdução “foi adiada várias vezes”. A expectativa é de que as novas regras no controlo das importações da UE sejam introduzidas “a partir do final deste ano”, indica.
Face a isso, o Reino Unido teve um défice comercial de 92 mil milhões de libras (cerca de 105 mil milhões de euros) com a UE.