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Hoyer: “A Alemanha é um deserto digital”

O Presidente do Banco Europeu de Investimento está preocupado com a falta de investimento na Europa e com a perda de competitividade da região face aos restantes pólos de desenvolvimento no mundo.

27 de Novembro de 2018 às 08:00
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"A Alemanha é um deserto digital e isso tem um efeito na nossa competitividade", frisou esta segunda-feira Werner Hoyer, presidente do Banco Europeu de Investimento, durante um seminário sobre as instituições europeias, a decorrer no Luxemburgo. Hoyer dava a Alemanha como um exemplo de como a Europa precisa de aumentar o investimento para recuperar competitividade à escala global.

"Na Alemanha não há digitalização da relação entre os serviços públicos e o cidadão", sublinhou o responsável do BEI. "Tratar de um assunto na Alemanha sem ter de ir ao serviço em causa e perder muitas horas à espera é uma situação nunca vista", frisou.

Hoyer notou que "ao longo dos últimos 15 anos a Europa investiu, em média, menos 1,5% do PIB do que os seus concorrentes directos" e por isso precisa de "acelerar na inovação" para não "perder uma oportunidade de mercado enorme".

O ideal, frisou o presidente do BEI, seria investir todos anos cerca de 3% do PIB. Mas neste momento o investimento da Europa ronda os 2%. Além disso, Hoyer explicou que não se trata apenas de investir em infraestruturas ou na digitalização. É preciso "uma abordagem holística", já que sem recursos humanos suficientemente competentes para aproveitar as infraestruturas a competitividade não aumenta.

Hoyer assumiu mesmo que a "complacência da Europa ocidental" com a sua posição competitiva o deixa ansioso: "Só porque construímos os melhores automóveis no passado não quer dizer que vamos continuar no topo, temos de acelerar na Europa, eu não vejo isso e isso deixa-me nervoso", desabafou.

A falta de investimento no espaço europeu tem impedido o PIB potencial de subir, o que implica que o crescimento de longo prazo das economias europeias deverá ser significativamente baixo.

Segundo números do BEI, seriam precisos mais 400 mil milhões de euros de investimento todos os anos, para que as carências na UE a 27 fossem resolvidas. Estima-se que a carência de investimento seja maior na área da inovação  (cerca de 160 mil milhões) seja a maior, mas faltam 155 mil milhões para investir em energia e 88 mil milhões de euros para infraestruturas sustentáveis.

À medida que o abrandamento se começa a materializar, o que já é visível nos dados do terceiro trimestre do PIB, as vozes de alerta têm se multiplicado. Segundo o Eurostat, o crescimento da zona euro abrandou para 0,2% entre Julho e Setembro, em termos trimestrais, o que é o valor mais baixo dos últimos quatro anos. E com o Brexit ainda sem uma solução definitiva à vista, o tom entre os representantes de topo das instituições europeias é de preocupação.

Portugal entre os países que mais aproveita o BEI

Na quarta-feira, o BEI vai divulgar o relatório sobre o investimento em 2018. Mas tal como já tinha dito a vice-presidente do banco, ao Negócios, Portugal compara bem com outros países no que diz respeito ao aproveitamento do financiamento através do BEI.

Segundo Emma Navarro, no último ano o financiamento a projectos em Portugal aproximou-se dos dois mil milhões de euros, o que representa 1% do PIB. Este rácio é semelhante ao de Espanha, o que coloca o país no grupo dos que tradicionalmente recebem mais financiamento.

Hoyer explicou que o facto de os países que sofreram consequências particularmente profundas da crise financeira e económica - como Portugal, ou a Grécia - estarem no topo não traduz uma preferência dada ao financiamento de projectos nestas economias. O presidente do BEI garantiu que o primeiro critério para atribuir o financiamento é "sempre a qualidade".

Contudo, explicou que o financiamento do BEI pode ser potenciado com outros serviços europeus (é possível, por exemplo, somar-lhe financiamento através dos fundos estruturais) e melhorado através de um bom serviço de consultoria. Estas três vertentes têm sido "fundamentais para potenciar a capacidade estes países", reconheceu. "Portugal é uma história de sucesso, e a Grécia será outra", rematou.

No Luxemburgo, a convite do Banco Europeu de Investimento
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