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Costa e Macron "chumbam" candidato de Merkel à Comissão

Antes de arrancar a cimeira europeia informal desta terça-feira, a chanceler alemã reiterou o apoio ao candidato do PPE à liderança da Comissão Europeia, Manfred Weber. No entanto, António Costa e Emmanuel Macron rejeitam a escolha dos conservadores e apostam em alguém das respetivas famílias políticas.

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28 de Maio de 2019 às 21:11
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A outrora toda poderosa chanceler alemã, Angela Merkel, já não dispõe do mesmo nível de poder (político e de influência) para determinar o essencial das escolhas na União Europeia e vê cada vez mais difícil a possibilidade de o seu candidato à liderança da Comissão Europeia, o compatriota conservador Manfred Weber, conseguir lá chegar.

A travar a vontade de Merkel, que esta terça-feira, 28 de maio, confirmou o seu apoio a Weber para suceder a Jean-Claude Juncker (sai da chefia da Comissão a 31 de outubro), surgem nomes como o do presidente francês, Emmanuel Macron, e do primeiro-ministro português, António Costa.

No dia em que decorre uma cimeira europeia informal para discutir os nomes que irão ocupar os cargos de liderança da UE, e já em bruxelas, Macron e Costa chumbaram o nome do democrata-cristão Weber.

O presidente gaulês, cujo partido Em Marcha integra os liberais do ALDE, disse preferir alguém com mais experiência do que o bávaro (pertence à CSU, o partido irmão da CDU de Merkel na Baviera) para depois mostrar preferência pela dinamarquesa Margrethe Vestager (candidata do ALDE à Comissão), pelo candidato dos socialistas (S&D), o holandês Frans Timmermans, ou até pelo francês Michel Barnier (não foi apontado como candidato por nenhuma família e apesar de manter a pasta da negociação do Brexit é visto como forte possibilidade para a Comissão).

António Costa foi mais restritivo. Rejeitando Weber (de quem o PS não gosta devido ao pedido de sanções para Portugal) defende para o cargo alguém com "sólida experiência executiva", concluindo que o "Spitzenkandidaten" socialista Timmermans "claramente tem o melhor perfil".

Recorde-se que a experiência de Manfred Weber é sobretudo parlamentar, faltando-lhe estrear-se em funções executivas. E sendo a Comissão o órgão executivo da União, as palavras de Costa, Macron e de outros líderes europeus socialistas e liberais que hoje fizeram declarações no mesmo sentido servem para fechar a porta ao alemão.

As eleições europeias de domingo confirmaram o fim do duopólio até aqui detido pelas duas maiores famílias políticas europeias (PPE e S&D), para o que contribuiu sobretudo o crescimento eleitoral de liberais (ALDE), ecologistas (Verdes) e populistas eurocéticos (predominantemente forças de direita radical que se dividem, grosso modo, por três grupos parlamentares europeus: Europa da Liberdade e Democracia Direta, Aliança Europeia dos Povos e das Nações, e Reformistas e Conservadores Europeus).

Neste Parlamento Europeu mais fragmentado, as negociações de bastidores para gerar os consensos necessários à escolha dos nomes que vão ocupar os lugares de topo da União são agora ainda mais difíceis do que no passado.

Com essa noção e com o objetivo de acabar com o predomínio conseguido pelo PPE em particular desde 1999, socialistas e liberais (a que se junta ainda o agora primeiro-ministro demissionário da Grécia, Alexis Tsipras) acordaram alinhar posições para contrariar a prevalência dos conservadores europeus.

Desta forma, tudo indica que nomes como os de Timmermans e Vestager recolhem maior margem para chegar ao "trono" mais pretendido nesta "guerra" de cadeiras. Dito de outra forma, Weber parece cada vez mais distante do seu objetivo.

Seja como for, nesta fase é ainda prematuro antecipar quem vai ocupar o quê, podendo surgir uma terceira via não contemplada no método de escolha consagrado pelo Tratado de Lisboa (Spitzenkandidaten), segundo o qual o presidente da Comissão é escolhido de entre os candidatos preferenciais apontados por cada família europeia.

Uma decisão final sobre o processo de escolha do próximo presidente da Comissão só será tomada no Conselho Europeu marcado para os dias 20 e 21 de junho.

Líderes europeus (ainda) não debatem nomes

Apesar de ter sido amplamente noticiado que os líderes europeus iriam esta terça-feira para Bruxelas para começar, desde já, a discutir nomes, uma fonte comunitária citada pelo Politico adiantou que as conversações desta noite não vão incidir em protagonistas, antes sobre como equilibrar os pressupostos dos tratados europeus com as realidades geográficas, demográficas, bem como com a nova aritmética do plenário europeu.

Isto significa que os líderes europeus querem primeiro definir uma forma de assegurar equilíbrios ao nível de género, peso demográfico dos Estados-membros e de representação geográfica e política e, com base nesses criérios, definir depois os titulares dos principais cargos europeus.

Além do líder da Comissão será preciso escolher o próximo presidente do Conselho Europeu, o responsável pela diplomacia europeia que vai suceder a Federica Mogherini, o presidente do novo Parlamento Europeu, sendo que mais para o final do ano será ainda preciso determinar ainda o sucessor de Mario Draghi na liderança do Banco Central Europeu.

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