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Costa e Conte: Previsões de Bruxelas exigem "coragem para decidir de imediato”

A sintonia já observada entre Lisboa e Madrid voltou a verificar-se no encontro entre os líderes de Portugal e Itália. António Costa e Giuseppe Conte consideram premente um acordo sobre o pacote de recuperação da UE já em julho e dizem que previsões pessimistas da Comissão mostram isso mesmo.

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07 de Julho de 2020 às 20:45
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Portugal e Itália vão chegar a Bruxelas para o Conselho Europeu de 17 e 18 de julho perfeitamente alinhados quanto ao rumo que a União Europeia deve seguir. Sem lugar a surpresas, foi isso mesmo que resultou da reunião que decorreu ao final da tarde desta terça-feira, em São Bento, entre os primeiros-ministros português e italiano, António Costa e Giuseppe Conte, respetivamente. 

Costa e Conte consideram haver nesta altura apenas uma só prioridade na Europa, assegurar rapidamente, já na cimeira presencial da próxima semana, um acordo a 27 para uma resposta "comum e robusta" da UE aos efeitos da crise pandémica, sem a qual as consequências serão muito mais gravosas para os Estados-membros e o conjunto do bloco europeu. 

E no entender destes governantes, as previsões mais pessimistas hoje divulgadas pela Comissão Europeia mostram precisamente a urgência de um acordo que permita à UE reagir efetivamente à crise e iniciar o quanto antes o caminho da retoma.

"As previsões confirmam algo que já sabíamos (...) A resposta da Europa tem de ser sólida, mas tem de ser imediata, caso contrário as consequências serão cada vez mais graves", defendeu o líder do executivo transalpino antes de apelar à "coragem para decidir de imediato".

Na mesma linha, Costa sustentou que as estimativas apresentadas por Bruxelas "revelam bem a urgência de que haja um acordo" e avisou que "quanto mais tarde começarmos a responder, maior será o dano económico".   "Que sirvam de um alerta muito sério e que todos tenham consciência que temos de chegar a Bruxelas com um objetivo muito claro: só sair de Bruxelas com um acordo", rematou.

Um dia depois da perfeita sintonia com o homólogo espanhol, Pedro Sánchez, António Costa recuperou os elogios à proposta da Comissão Europeia para um fundo de recuperação (Próxima Geração UE) de 750 mil milhões de euros (500 mil milhões em subvenções e o restante de empréstimos), o qual deve ser executado no âmbito do próximo quadro financeiro plurianual (QFP), que Bruxelas propõe ser de 1,1 biliões de euros. 

O primeiro-ministro reiterou tratar-se de uma proposta equilibrada na medida em que "não é um cheque em branco, nem uma nova troika". "A proposta da Comissão é ela própria um esforço muito grande de compromisso entre todos", acrescentou, notando que equilibra as pretensões de quem exigia subvenções a fundo perdido e de quem preferia empréstimos. 

Linhas vermelhas? "Resposta política forte e ambiciosa"
Numa altura em que se sucedem encontros ao nível bilateral de preparação da próxima cimeira, Lisboa e Roma rejeitam apresentar linhas vermelhas. Giuseppe Conte exige uma "resposta política forte e ambiciosa" e garante que "qualquer solução de compromisso aquém desta linha vermelha não é aceitável".

Por seu turno, Costa repetiu a ideia de que não é o momento de traçar linhas vermelhas, antes de "abrir vias verdes" com vista a um acordo, o que só será possível com base em compromissos negociais.

"Temos todos de fazer um esforço para nos podermos aproximar das posições uns dos outros. Há muitos caminhos para chegar a Roma, o destino é Roma, mas cada um poderá escolher o seu caminho", declarou, numa alusão à ideia da Comissão distribuir os apoios para a retoma em troca de investimentos e reformas a levar a cabo pelos países tendo em conta as prioridades da UE (transições digital e ambiental e reforço da autonomia estratégica) e as recomendações do Semestre Europeu.

Destacando a importância de se acordar uma "resposta forte, sólida e coordenada a nível europeu", o chefe do governo italiano sublinhou que "ou vencemos todos juntos, ou perdemos todos juntos" e quanto à negociação que decorrerá na capital belga garantiu que "não faz sentido considerar a proposta [de Bruxelas] de forma compartimentada".

Além de ser o país europeu mais atingido pela pandemia, Itália detém a segunda maior dívida na Zona Euro. Por outro lado, a dificuldade de se chegar a acordo devido às objeções dos frugais (Países Baixos, Áustria, Suécia e Dinamarca), partilhadas pela Finlândia, quanto à prevalência de apoios a fundo perdido, em detrimento de empréstimos associados a condicionalismos, ameaça atrasar a libertação dos meios financeiros que a UE pretende colocar à disposição dos Estados-membros. 

Para não ver a dívida pública disparar para perto dos 150% do produto transalpino, Itália precisa que os apoios cheguem o quanto antes. Contudo, mesmo no melhor dos cenários, as verbas poderão não ser disponibilizadas antes de finais de 2021. Isso colocaria o país numa recessão profunda, o que elevaria ainda mais o endividamento e deixaria Itália à mercê dos mercados e de derivas populistas nas eleições regionais que ainda terão lugar.

É também com isso em mente que o Conselho Europeu da próxima semana irá decorrer, sabendo-se que o objetivo de Berlim e Paris passa por evitar novas crises que desestabilizem a Zona Euro e que ameacem novamente desintegrar o bloco europeu.

(Notícia atualizada)
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