Notícia
Elisa Ferreira: Comissão esteve à altura, agora é preciso acordo rápido
Em entrevista concedida à Lusa, a comissária portuguesa observou que, pouco depois de tomar posse [em dezembro], e "quando estava a propor fazer o relançamento da economia europeia na base do verde e do digital", a nova Comissão "foi apanhada por uma crise" ainda difícil de classificar.
16 de Julho de 2020 às 16:01
A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, considera que a Comissão Europeia "esteve claramente" à altura da verdadeira "prova de fogo" que representa a crise da covid-19, ao agir rapidamente e de forma "ousada".
Em entrevista concedida hoje à agência Lusa em Bruxelas, a comissária portuguesa observou que, pouco depois de tomar posse [em dezembro], e "quando estava a propor fazer o relançamento da economia europeia na base do verde e do digital", a nova Comissão "foi apanhada por uma crise" ainda difícil de classificar, mas com "a dimensão da II Guerra Mundial em termos de impacto económico, mais do que isso até".
"Eu acho que foi uma prova de fogo e, tanto quanto eu sou capaz de avaliar, estando de dentro, acho que a resposta foi uma resposta à altura da parte da Comissão. A Comissão Europeia faz propostas e ousou", salientou.
E a resposta europeia, defendeu, foi de uma rapidez recorde, bastando comparar por exemplo com a reação à crise de 2008. "Se nós pensarmos que a crise foi em 2008, com todo o impacto da [falência do] Lehman Brothers, e que o 'whatever it takes' de Mario Draghi acontece em 2012, estamos a falar de quatro anos", observou, aludindo à célebre intervenção do então presidente do Banco Central Europeu (BCE), por muitos considerada um momento-chave.
"Se nós olharmos para os primeiros indicadores de pandemia, talvez fevereiro, e para a reação da Comissão, em abril, maio, nós estamos a falar de semanas, de dois, três meses. Portanto, de facto, é uma reação que eu acho que desta vez foi a reação certa", argumentou.
De acordo com Elisa Ferreira, o executivo liderado por Ursula von der Leyen "ousou a vários níveis", desde logo quando decidiu que, não sendo possível que os Estados-membros pusessem mais dinheiro no orçamento da UE, iria avançar ele próprio "para os mercados financeiros e emitir dívida".
A comissária notou que em algumas matérias a Comissão só não foi mais longe porque o Tratado não lhe confere competências em vários domínios e apontou que muitos cidadãos se queixam de que "a UE não está a decidir, por exemplo, no caso das viagens ou da política de saúde", sem ter noção de que estas são políticas "da competência dos Estados-membros".
E ainda assim, sublinhou, a Comissão trabalhou em áreas nas quais os Tratados não lhe dão legitimidade legal, num esforço de coordenação "de forma a responder às situações de emergência.
"Na parte económica e na parte do relançamento, claramente acho que avançámos na hora certa", acrescentou a comissária, sublinhando o facto de a "equipa que estava acabada de chegar" ter conseguido imediatamente "criar laços de resposta muito articulados".
"Estou a gostar muito desta oportunidade de estar aqui num momento tão crítico e, se possível, dar uma mão", completou.
Assinala-se precisamente hoje um ano desde a eleição de Ursula von der Leyen para a presidência do executivo comunitário. O colégio iniciou funções em 1 de dezembro de 2019.
É preciso chegar rapidamente a acordo
Elisa Ferreira sublinha ainda a importância de a União Europeia alcançar ainda este mês um compromisso sobre o plano de recuperação, para responder ao impacto brutal da crise da covid-19 e restaurar a confiança.
"Quando digo agora, não quer dizer que seja sexta-feira, sábado. Interessa que fique fechado antes do verão, antes de agosto", precisou, salientando que aquilo que está também em causa é "toda uma gestão de expectativas, quer da parte das empresas, dos empresários, dos trabalhadores, dos investidores, e também até dos próprios mercados financeiros, que passa muito por uma clarificação do que é que a Europa pode fazer".
Referindo-se às propostas de um Fundo de Resolução de 750 mil milhões e de um orçamento para os próximos sete anos de 1,1 biliões de euros colocadas sobre a mesa pelo executivo comunitário, Elisa Ferreira defendeu que "a Comissão tomou uma iniciativa muito forte e era muito importante que ela tivesse uma resposta positiva rapidamente, pelo menos nas suas linhas gerais, de modo a reforçar a confiança dos investidores, do mercado, dos trabalhadores, enfim, de toda a economia".
Em entrevista concedida hoje à agência Lusa em Bruxelas, a comissária portuguesa observou que, pouco depois de tomar posse [em dezembro], e "quando estava a propor fazer o relançamento da economia europeia na base do verde e do digital", a nova Comissão "foi apanhada por uma crise" ainda difícil de classificar, mas com "a dimensão da II Guerra Mundial em termos de impacto económico, mais do que isso até".
E a resposta europeia, defendeu, foi de uma rapidez recorde, bastando comparar por exemplo com a reação à crise de 2008. "Se nós pensarmos que a crise foi em 2008, com todo o impacto da [falência do] Lehman Brothers, e que o 'whatever it takes' de Mario Draghi acontece em 2012, estamos a falar de quatro anos", observou, aludindo à célebre intervenção do então presidente do Banco Central Europeu (BCE), por muitos considerada um momento-chave.
"Se nós olharmos para os primeiros indicadores de pandemia, talvez fevereiro, e para a reação da Comissão, em abril, maio, nós estamos a falar de semanas, de dois, três meses. Portanto, de facto, é uma reação que eu acho que desta vez foi a reação certa", argumentou.
De acordo com Elisa Ferreira, o executivo liderado por Ursula von der Leyen "ousou a vários níveis", desde logo quando decidiu que, não sendo possível que os Estados-membros pusessem mais dinheiro no orçamento da UE, iria avançar ele próprio "para os mercados financeiros e emitir dívida".
A comissária notou que em algumas matérias a Comissão só não foi mais longe porque o Tratado não lhe confere competências em vários domínios e apontou que muitos cidadãos se queixam de que "a UE não está a decidir, por exemplo, no caso das viagens ou da política de saúde", sem ter noção de que estas são políticas "da competência dos Estados-membros".
E ainda assim, sublinhou, a Comissão trabalhou em áreas nas quais os Tratados não lhe dão legitimidade legal, num esforço de coordenação "de forma a responder às situações de emergência.
"Na parte económica e na parte do relançamento, claramente acho que avançámos na hora certa", acrescentou a comissária, sublinhando o facto de a "equipa que estava acabada de chegar" ter conseguido imediatamente "criar laços de resposta muito articulados".
"Estou a gostar muito desta oportunidade de estar aqui num momento tão crítico e, se possível, dar uma mão", completou.
Assinala-se precisamente hoje um ano desde a eleição de Ursula von der Leyen para a presidência do executivo comunitário. O colégio iniciou funções em 1 de dezembro de 2019.
É preciso chegar rapidamente a acordo
Elisa Ferreira sublinha ainda a importância de a União Europeia alcançar ainda este mês um compromisso sobre o plano de recuperação, para responder ao impacto brutal da crise da covid-19 e restaurar a confiança.
"Quando digo agora, não quer dizer que seja sexta-feira, sábado. Interessa que fique fechado antes do verão, antes de agosto", precisou, salientando que aquilo que está também em causa é "toda uma gestão de expectativas, quer da parte das empresas, dos empresários, dos trabalhadores, dos investidores, e também até dos próprios mercados financeiros, que passa muito por uma clarificação do que é que a Europa pode fazer".
Referindo-se às propostas de um Fundo de Resolução de 750 mil milhões e de um orçamento para os próximos sete anos de 1,1 biliões de euros colocadas sobre a mesa pelo executivo comunitário, Elisa Ferreira defendeu que "a Comissão tomou uma iniciativa muito forte e era muito importante que ela tivesse uma resposta positiva rapidamente, pelo menos nas suas linhas gerais, de modo a reforçar a confiança dos investidores, do mercado, dos trabalhadores, enfim, de toda a economia".