Notícia
Comissão Europeia propõe orçamento comunitário superior a 1 bilião de euros
Jean-Claude Juncker revelou a proposta da Comissão Europeia para o próximo quadro financeiro plurianual que eleva ligeiramente o orçamento comunitário para 1,135 biliões de euros. Comissão propõe ainda aumento da contribuição de cada Estado-membro para 1,11% do respectivo rendimento nacional bruto.
Para compensar o Brexit e mesmo a 27 Estados-membros reforçar o orçamento comunitário, a Comissão pede um pequeno aumento das contribuições nacionais, de 1% do rendimento nacional bruto para 1,11% do RNB. "Consideramos que é um bom compromisso entre a ambição do Parlamento [Europeu] e a prontidão dos Estados-membros para pagarem um pouco mais", explicou o comissário do orçamento, Günther Oettinger, que falou no plenário europeu depois de Juncker.
The new budget is an opportunity to shape our future as a new, ambitious Union of 27 bound together by solidarity. With today's proposal we have put forward a pragmatic plan for how to do more with less. #EUBudget #FutureOfEurope https://t.co/4DDVNmTWdX pic.twitter.com/3pzG9nh1Js
— Jean-Claude Juncker (@JunckerEU) 2 de maio de 2018
Como notou o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, os deputados europeus preferiam que a contribuição nacional aumentasse para 1,3% do RNB. Tajani garantiu que o Parlamento tudo fará para assegurar que os meios financeiros para a Política Agrícola Comum (PAC) a quebra prevista em torno de 5% face ao último quadro financeiro. O Governo português propôs que cada Estado-membro contribuísse com 1,2% do RNB. Também a política de coesão (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, Fundo Social Europeu e Fundo de Coesão) sofre um corte de cerca de 5%. A PAC e a política de coesão continuam a ser as maiores rubricas apesar dos cortes.
A Comissão explica que estes cortes permitem "reflectir a nova realidade de uma União a 27" e também responder a novos desafios que integram pela primeira vez as rubricas do orçamento comunitário plurianual. É o caso dos dois novos instrumentos orçamentais que visam contribuir para a estabilidade da Zona Euro e reforçar a convergência no seio da moeda única. Contudo, estes instrumentos também se destinam aos países externos ao bloco do euro porque permitirão melhorar as condições dos mesmos para uma futura adesão à moeda europeia.
O segundo é o Instrumento Europeu de Estabilização do Investimento e pretende assegurar a estabilização dos níveis de investimento em casos em que se verifiquem choques assimétricos que ponham em causa a capacidade de algum Estados se financiar de forma autónoma e ou comportável nos mercados. Este mecanismo funcionará "sob a forma de empréstimos 'back-to-back' ao abrigo do orçamento da UE até 30 mil milhões de euros" a que acresce uma subvenção para cobrir a despesa com juros, refere a Comissão Europeia.
A necessidade de responder a questões conjunturais como as ameaças ao nível secutirário ou à crise dos refugiados fez que que a Comissão tenha colocado entre as prioridades para o novo quadro a segurança e defesa e ainda uma resposta aos fluxos migratórios, em especial nas fronteiras externas da União. Em ambos os casos há reforço de verbas. O quadro 2021-2027 assenta em quatro eixos fundamentais: mercado único, inovação e digital; coesão e valores; recursos naturais e ambiente; migração e gestão fronteiriça; segurança e defesa; vizinhança e mundo; administração pública europeia.
#EUBudget #EUAddedValue pic.twitter.com/qh5Opaimlp
— Mina Andreeva (@Mina_Andreeva) 2 de maio de 2018
Comissão quer correlacionar fundos ao respeito pelo Estado de Direito
Garantindo que esta não é uma proposta feita à medida da Polónia e da Hungria, a Comissão Europeia avançou com uma proposta através da qual pretende fazer depender a atribuição de fundos ao compromisso dos Estados-membros para com valores considerados funcacionais da UE, tais como o respeito pelas regras do Estado de Direito.
O mecanismo proposto permite a Bruxelas, com base numa lógica de proporcionalidade, suspender, reduzir ou restringir o acesso a fundos comunitários quando um determinado Estado-membro apresentar deficiências no compromisso com o Estado de Direito. Para evitar vetos, sugere-se que a proposta da Comissão possa ser adoptada pelo Conselho Europeu mediante maioria qualificada.
Numa análise geral ao documento, Juncker disse tratar-se de um "orçamento inovador na sua estrutura e na simplificação das regras". A simplificação é também visível na redução em mais de um terço do total de programas previstos no próximo quadro financeiro plurianual, que cai de 58 para 37.
Agora segue-se um período de negociação antes de a Comissão apresentar propostas mais concretas sobre os envelopes financeiros sectoriais. Só depois é que o Conselho Europeu, com aprovação do Parlamento, votará o orçamento plurianual (é precisa unanimidade).
O objectivo é concluir as negociações antes das eleições europeias do próximo ano, sendo que pretende evitar-se atrasos como os verificados na última negociação e que acabaram por provocar atrasos no lançamento de programas e afectação de meios financeiros. Em última instância, Bruxelas quer concluir a negociação o mais tardar antes do final de 2020 por forma a que o novo quadro entre em vigor no início de 2021.
(Notícia actualizada pela última vez às 14:15)