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Acordo final do Brexit será votado no Parlamento britânico mas tensão permanece
O responsável britânico pelas negociações para a saída do Reino Unido da UE anunciou que o acordo final entre Londres e Bruxelas vai ser votado pelos deputados britânicos. Porém, a medida que visa ceder ao campo pró-europeu dos conservadores não foi bem acolhida pelos parlamentares.
O ministro responsável pelo Brexit, David Davis, anunciou na segunda-feira que o acordo final que venha a ser alcançado entre Londres e Bruxelas para a saída do Reino Unido da União Europeia será votada no parlamento.
Porém, o anúncio feito no parlamento britânico foi recebido com reticências, com vários deputados britânicos a considerarem que o voto não terá significado até pela curta margem temporal para analisar o acordo que deverá ser concedida aos parlamentares.
É que tal como o próprio David Davis confirmou no anúncio feito no parlamento, se o acordo final for rejeitado pelos deputados então o Reino Unido abandonará a União sem ter por base qualquer acordo com Bruxelas.
Certo é que o Brexit acontecerá, com ou sem acordo, avisou Davis. E já há data e hora, segundo anunciado pelo governo liderado por Theresa May que estabeleceu as 23:00 de 29 de Março de 2019 para a concretização da saída britânica do bloco europeu.
Um dos deputados do Partido Conservador, o mesmo de Theresa May, a mostrar dúvidas sobre o plano do governo foi a parlamentar conservadora Heidi Allen, que considera que a proposta ontem anunciada não oferece qualquer tipo de garantia para o caso de não haver um acordo final para o Brexit.
Apesar da insistência de Theresa May em promover um "hard Brexit" (primeiro a saída da União e de todos os tratados e só depois a negociação da futura relação), muitos deputados britânicos pretendem usar o parlamento para debater contra essa opção que significará a saída do Reino Unido do Mercado Comum e da União Aduaneira sem um acordo comercial previamente estabelecido.
A BBC escreve que alguns ministros do governo britânico consideram que o projecto de lei para o Brexit tem como única intenção transferir para a jurisdição do Reino Unido as leis comunitárias por forma a garantir uma transição suave de jurisdições uma vez consumada a saída.
Esta terça-feira, o parlamento vai discutir a revogação da Lei das Comunidades Europeia (1972), que enquadrou a entrada britânica na então chamada CEE. O cerco aperta-se para Londres, uma vez que a UE instou a governo britânico a assegurar os avanços necessários nas três questões que impedem o desbloquear do impasse nas negociações para o Brexit.
Bruxelas deu um prazo de duas semanas para que Londres se aproxime da pretensão europeia de uma factura de divórcio na ordem dos 60 mil milhões de euros, um valor bastante acima dos 20 mil milhões colocados em cima da mesa por Theresa May. Os direitos dos cidadãos europeus que residem no Reino Unido e o modelo de gestão fronteiriça entre as duas Irlandas também afasta as partes em conversações.