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Valls quer candidatar-se pelo partido de Macron e declara a morte do PS francês

O ex-primeiro-ministro francês considera que "o Partido Socialista [francês] está morto" e anuncia que pretende candidatar-se nas legislativas de Junho pelo movimento do presidente eleito, Emmanuel Macron.

Reuters
09 de Maio de 2017 às 11:38
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Manuel Valls revê-se nas propostas de Emmanuel Macron e tenciona candidatar-se nas legislativas de Junho pelo movimento afecto ao presidente eleito. Considera que o "PS [francês] está morto" e não esclarece se tem aspirações a reocupar o cargo de primeiro-ministro.

 

Foi numa entrevista concedida esta terça-feira, 9 de Maio, à rádio RTL, que o ex-primeiro-ministro francês anunciou que será "candidato da maioria presidencial" nas legislativas de 11 e 18 de Junho. Revelou ainda que pretende juntar-se ao movimento lançado no ano passado por Macron, cujo nome será alterado para "A República Em Marcha".

 

Valls recordou ter sido o agora presidente eleito a solicitar-lhe "uma resposta clara" ao convite para se alistar na plataforma independente Em Marcha. Na semana passada, já apontado como claro favorito a vencer as presidenciais de domingo passado, Macron assumia que "Valls será bem-vindo à minha maioria presidencial", mas acrescentava que o socialista teria primeiro de abandonar o PS gaulês.

 

Valls não parece disposto a abandonar o PS, embora considere que este partido "está morto, ficou para trás e não representa a sua história nem os seus valores". "Continuo a ser socialista, não renego 30 anos de compromisso da minha vida política", afiançou explicando, contudo, que nesta altura a prioridade actual passa por assegurar uma "abrangente e coerente maioria" que permita a Macron governar.

No entender de Manuel Valls, é esta a melhor garantia de defesa da V República gaulesa, "o nosso bem mais precioso".

 

"Revemo-nos na maior parte das propostas do projecto defendido por Emmanuel Macron? Sim ou não? Sim", concluiu Valls.

 


Valls tem 24 horas para se apresentar 

Mas para surgir como candidato a um dos 577 assentos da Assembleia Nacional francesa nas listas do Em Marcha, Valls não tem tempo a perder. O porta-voz deste movimento, Benjamin Griveaux, sublinhou esta terça-feira que Manuel Valls ainda não se inscreveu como pretendente a candidato junto do Em Marcha e avisou que lhe restam 24 horas para o fazer.

 

"Tem de entregar a candidatura como qualquer um, as regras são iguais para todos", explicou Griveaux citado pela agência Reuters.

 

O movimento Em Marcha tem como objectivo anunciar os nomes dos 577 candidatos já esta quinta-feira, 11 de Maio. Vai também mudar de nome, com o objectivo de se estruturar como um partido tradicional, e é agora interinamente liderado por Catherine Barbaron, já que Macron, que toma posse no próximo domingo, quer concentrar-se nas funções presidenciais.

 

A proximidade ideológica entre Valls e Macron é de há muito conhecida, sendo que, em 2014, o agora presidente eleito assumiu a pasta de ministro da Economia num Governo precisamente chefiado por Manuel Valls. O ainda presidente François Hollande foi nessa altura muito criticado, porque depois de ser eleito com base na promessa de governar à esquerda e "contra a finança", acabou dois anos depois por nomear um Governo de perfil liberal.

 

Esse Executivo foi muito contestado, inclusivamente no seio dos socialistas, pelas reformas económicas e ao mercado laboral. Uma deriva liberal feita através de um expediente legal que permitiu implementar essas medidas sem as fazer passar pelo Parlamento.

 

Depois de derrotado por Benoît Hamon, ex-ministro da Educação e membro da ala esquerda socialista, nas primárias do PS, Valls manifestou apoio à candidatura de Macron ainda antes da primeira volta, que culminou com o pior resultado de sempre dos socialistas (8%). 

Reagindo à enorme derrota sofrida por Hamon, Valls defendeu que a responsabilidade cabia totalmente ao PS, porque "não fizemos o nosso trabalho – intelectual, ideológico e político – sobre o que a esquerda é, e pagámos o preço".

A pouco mais de um mês das legislativas, o PS enfrenta o real risco de se desintegrar, dada a crescente tensão entre a ala mais à esquerda, protagonizada, entre outros, por Benoît Hamon, e uma corrente considerada mais moderada de que Valls é uma das figuras proeminentes.

Apesar de as sondagens contemplarem a possibilidade de o estreante eleitoral Em Marcha alcançar a maioria absoluta na câmara baixa do Parlamento gaulês, a verdade é que se tal não acontecer Macron precisará de negociar acordos para obter um apoio maioritário que lhe permita governar.

Antecipando as potenciais movimentações parlamentares no pós-legislativas, a imprensa francesa tem insistido na hipótese de a ala esquerda do PS se juntar à Frente de Esquerda de Jean-Luc Mélenchon, e a ala mais à direita dos socialistas se aliar a Emmanuel Macron. 

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