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Partido de Macron exclui Valls da lista de candidatos às legislativas

A República em Marcha apresentou uma lista ainda incompleta dos candidatos do partido de Macron às legislativas de Junho mas confirmou desde já que Manuel Valls não será candidato do movimento.

Reuters
11 de Maio de 2017 às 19:29
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O presidente francês eleito, Emmanuel Macron, tirou o tapete a Manuel Valls, com o partido A República em Marcha a não incluir o ex-primeiro-ministro socialista na lista, ainda incompleta, dos candidatos do movimento que irão concorrer às legislativas do próximo mês.

 

O secretário-geral do A República em Marcha, Richard Ferrand (na foto), apresentou esta quinta-feira, 11 de Maio, uma lista com 428 nomes que vão candidatar-se pelo partido em formação nas eleições de Junho, notando que Valls não preenche os requisitos necessários para ser candidato da plataforma lançada há menos de um ano por Macron.

 

"Nenhum candidato pode ser investido se já tiver cumprido três mandatos parlamentares", justificou Ferrand antes de concretizar, citado pela Reuters, que "não vamos investir Manuel Valls" como candidato.

 

No entanto, Richard Ferrand revelou também que a lista provisória do partido concorrerá em todas as circunscrições eleitorais menos uma. Menos naquela em que se candidatar Valls. "Não vamos apresentar nenhum candidato contra Manuel Valls", disse sustentando que "não se fecha a porta na cara de um ex-primeiro-ministro".

 

Manuel Valls fica mal na fotografia, depois de ter anunciado esta semana que queria candidatar-se nas legislativas de 11 e 18 de Junho pelo partido da "maioria presidencial". Aparentemente ter-se-á precipitado ao anunciar a sua intenção antes ainda de saber se contaria com o apoio do movimento de Macron. Partido que rejeita integrar o antigo chefe do Governo em que o agora presidente eleito foi titular da pasta da Economia, embora também não esteja disposto a contra ele concorrer.

 

Para já a lista de nomes divulgada permite perceber que é composta, essencialmente, por pessoas da sociedade civil (mais de 50%), muitas delas sem experiência no desempenho de cargos políticos, e que é paritária (214 homens e 214 mulheres), uma das promessas feitas por Macron durante a campanha eleitoral. Há também 24 ex-membros do PS francês, como por exemplo Gaspard Gantzer, chefe de comunicação do gabinete do ainda presidente em funções, François Hollande. 93% dos candidatos têm emprego, sendo os restantes desempregados, estudantes ou reformados.

Lugares em falta são para candidatos da direita

 

O facto de existirem ainda 148 lugares vagantes decorre de uma decisão d’A República Em Marcha, que assim pretende dar espaço para que surjam candidatos de direita disponíveis a alistar-se à maioria presidencial. Um deles poderá ser Bruno Le Maire, antigo ministro da Agricultura de Nicolas Sarkozy, que já demonstrou publicamente disponibilidade para se juntar ao partido de Macron.

 

O prazo final para a apresentação de candidaturas é 19 de Maio. "Queremos dar tempo até quarta-feira [18 de Maio] para que o possam fazer", explicou em conferência de imprensa Ferrand que afiança que o objectivo passa por "construir uma maioria de mudança e, portanto, obter uma maioria absoluta na Assembleia Nacional para A República Em Marcha".

 

Quando surgiu como candidato presidencial, e apesar do seu passado como militante do PSF, primeiro, e ministro, depois, de um Governo socialista, Emmanuel Macron garantiu que o seu programa não é de esquerda nem de direita, propondo-se mudar a face da política gaulesa juntando o melhor da esquerda com o melhor da direita.  

 


Uma sondagem realizada pelo instituto Harris Interactive, conhecida esta quinta-feira, atribui a vitória, na primeira volta das legislativas, à aliança entre A República em Marcha e o Movimento Democrático com 29% das intenções de voto. Macron vai tomar posse como presidente da República francesa no próximo domingo, precisamente uma semana depois de ter derrotado a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, na segunda volta presidencial. 

As legislativas serão determinantes para perceber a efectiva margem de manobra que Macron terá no Eliseu, precisando de uma maioria favorável na Assembleia Nacional para levar a cabo as prometidas reformas económicas. Os dois próximos actos eleitorais vão decorrer num contexto complexo, com o sistema partidário em decomposição, designadamente o PS gaulês, ao mesmo tempo que se assiste a uma recomposição do quatro político e parlamentar. 

Benoît Hamon, candidato socialista derrotado nas presidenciais com pouco mais de 6% dos votos, o pior resultado de sempre do PSF em presidenciais, já anunciou que vai criar um novo movimento político, embora rejeite sair do partido. Ainda à esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que aparece reforçado pelos quase 20% alcançados na primeira volta presidencial, enfrenta a ameaça de "deserção" dos comunistas. 


Já Marine Le Pen anunciou ainda na noite eleitoral de domingo passado que quer alterar o nome e a imagem da Frente Nacional, continuando a estratégia de normalização do partido de extrema-direita. E do lado dos conservadores a incerteza reina. Alain Juppé, autarca de Bordéus derrotado por François Fillon nas primárias d'Os Republicanos, surgiu a defender a aproximação a Macron e pode tentar a liderança do partido, podendo enfrentar a oposição de Nicolas Sarkozy, que diz a imprensa francesa aspira regressar à liderança dos conservadores. 

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