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SPD dá nova chance a Merkel e troca exigências por "melhorias"

A nova liderança bicéfala dos sociais-democratas decidiu dar uma oportunidade à chanceler Merkel e avançar apenas com propostas de "melhorias" das políticas seguidas, em vez das exigências inicialmente anunciadas. Congresso social-democrata aprova moção para renegociar acordo com a chanceler.

Reuters
06 de Dezembro de 2019 às 17:51
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Entrada de leão, saída de sendeiro? Este adágio popular poderá aplicar-se à forma como a nova liderança bicéfala dos sociais-democratas alemães começou por querer relacionar-se com o parceiro de coligação (CDU) e os moldes em que, afinal, deverá fazê-lo.

Depois do rompimento apontado como quase certo da "grande coligação" (GroKo) com os democratas-cristãos (CDU-CSU), agora os líderes do SPD, que continuam a não acreditar na viabilidade da aliança, pretendem dar uma nova oportunidade à chanceler Angela Merkel.

Os delegados ao congresso social-democrata que arrancou esta sexta-feira aprovaram entretanto a moção que os colíderes Saskia Esken e Norbert Walter-Borjans levaram ao encontro e que define como estratégia o diálogo com os democratas-cristãos para tentar aproximar o executivo germânico à nova orientação política do SPD.

A moção contém, porém, uma nuance. Em vez das exigências inicialmentes referidas pela coliderança, agora o SPD pretende avançar, escreve o Politico, com propostas de "melhorias" das políticas seguidas pela GroKo. Essas melhorias assentam em três planos, clima, infraestruturas e salário mínimo. 

Será colocado em cima da mesa da chanceler o aumento do salário mínimo (dos atuais 9 euros por hora para 12 euros), um maior investimento público na construção e recuperação de infraestruturas e a adaptação da legislação climática com enfoque na justiça social. O reforço do investimento público em infraestruturas não pode ser inviabilizado pela norma travão da dívida que obriga o governo alemão a manter orçamentos equilibrados, defendem ainda os dois novos líderes.

À entrada para o congresso que servirá também para entronizar a nova dupla liderança, Saskia Esken disse que, apesar do "ceticismo" em relação à aliança com o partido de Merkel, os sociais-democratas vão "dar à coligação uma oportunidade realista de continuar, nem mais, nem menos".

Viragem à esquerda congelada

Sem experiência política ao nível nacional, uma vez que desempenharam somente funções ao nível regional, Esken e Walter-Borjans ajustaram a estratégia no curto período desde a eleição interna em que derrotaram Olaf Scholz, vice-chanceler e ministro alemão das Finanças.

A aposta inicial passava por rasgar o compromisso firmado com a CDU e percorrer o caminho das pedras da recuperação eleitoral na oposição. O SPD registou o pior resultado eleitoral desde a Segunda Guerra nas eleições federais de setembro de 2017. Todavia, a dupla rapidamente ajustou o passo para excluir o cenário de fim da coligação com Merkel. Analistas locais consideram que esta decisão foi tomada pelo receio de que o eleitorado mais moderado do SPD ficasse descontente com a criação de instabilidade política, algo pouco habitual na Alemanha. 

Na ressaca eleitoral e dada a incapacidade de Merkel fechar uma aliança com liberais e ecologistas, levou o SPD a recuar e a aceitar a reedição da Groko, vista como a única opção para garantir a estabilidade governativa na maior economia europeia.

Os novos líderes do SPD pertencem à ala esquerda do partido, a mesma que responsabiliza a indiferenciação face às políticas do centro-direita (CDU) como a razão de sucessivos maus resultados eleitorais. As sondagens mais recentes atribuem apenas 13% ao SPD, que fica assim atrás dos Verdes e da extrema-direita (AfD, partido que detém a liderança da oposição no Bundestag).

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