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Nova liderança do SPD não quer romper aliança com Merkel
Após ter ganho as eleições do partido no fim de semana, a nova liderança do SPD recuou no discurso de confronto contra o aliado de Governo, afastando o cenário de uma saída imediata da coligação.
O novo co-líder do SPD, Norbert Walter-Borjans, garantiu esta quarta-feira, 4 de dezembro, que os social-democratas alemães não vão romper de imediato com a coligação de Governo com a CDU de Angela Merkel.
"Não queremos uma saída caótica da coligação", afirmou Norbert Walter-Borjans, que partilha a liderança do PSD com Saskia Esken após a vitória do passado fim de semana, em declarações ao jornal do partido, Vorwaerts. Ambos consideram que a saída da coligação "não é um fim em si mesmo" e querem negociar com os conservadores.
Na mesma entrevista, os dois co-líderes do SPD referiram o pacote de medidas para a proteção climática, a digitalização e o investimento em infraestruturas como exemplos de políticas que querem renegociar com a CDU. Além disso, os social-democratas querem aumentar o salário mínimo para 12 euros por hora. De fora deverá ficar a exigência do Governo abandonar a política de défice-zero cujo racional económico tem sido discutido nos últimos meses.
Apesar do atenuar do discurso, os conservadores não têm mostrado abertura a negociações, remetendo para o acordo que está em vigor, tal como fez Annegret Kramp-Karrenbauer, a nova líder do partido. "A nova liderança do SPD deve decidir se quer permanecer nesta coligação ou não", disse em entrevista à ZDF, citada pela Bloomberg. No entanto, o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, sinalizou que a chanceler está aberta a compromissos.
Os sinais de moderação chegam também da juventude social-democrata. Kevin Kuehnert, líder da "jota" do SPD, disse que os delegados presentes na convenção devem refletir "cuidadosamente" sobre o que querem, alertando para a perda de controlo do partido caso abandone a coligação.
Esta tomada de posição acontece numa altura em que o SPD tem estado em queda nas sondagens a nível nacional e nos resultados em eleições locais. Uma sondagem do jornal alemão Bild publicada na segunda-feira revelou que as intenções de voto nos social-democratas baixaram um ponto percentual para 13,5%, quase metade dos 26,5% da CDU. Os Verdes surgem em segundo lugar com 21,5%.
Estes números deverão contribuir para que o SPD continue na coligação dado que se romper a grande coligação ("GroKo", em alemão) o cenário mais provável é a marcação de eleições antecipadas, já com Angela Merkel fora de jogo após quatro mandatos consecutivos enquanto chanceler alemã.
No passado fim de semana, a dupla Norbert Walter-Borjans e Saskia Esken venceu as eleições contra a candidatura de Olaf Scholz, o atual ministro das Finanças e vice-chanceler, o que representa uma viragem à esquerda para o partido alemão. O SPD realizou eleições depois da forte perda de votos do partido nas eleições europeias deste ano ter levado à demissão da anterior líder Andrea Nahles.