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Reino Unido abandona corte de impostos no escalão dos mais ricos

Governo de Liz Truss sofreu primeiro grande embate ao abandonar uma das medidas mais polémicas do seu mini orçamento, perante intensas críticas e convulsões do mercado.

Os mercados financeiros britânicos afundaram desde que Liz Truss assumiu a liderança do governo, substituindo Boris Johnson. No mesmo período, a libra atingiu mínimos históricos.
Maja Smiejkowska/Reuters
03 de Outubro de 2022 às 09:59
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O governo britânico de Liz Truss abandonou o seu plano de eliminar a alíquota máxima tributária de 45% aos britânicos mais ricos, após uma crescente revolta conservadora sobre a política e uma reação turbulenta dos mercados, noticia a imprensa britânica. A reviravolta é apelidada pelo The Guardian de "humilhante" para a primeira-ministra, ao surgir um dia depois de Truss insistir que estava "absolutamente comprometida" com o seu mini orçamento.

A ideia de eliminar a alíquota terá partido do Chanceler do Tesouro do seu governo, Kwasi Kwarteng, o mesmo que anunciou a inversão esta segunda-feira num tweet, dizendo: "Nós entendemos e ouvimos".

O chanceler disse que a decisão de cortar impostos para pessoas com rendimentos de 150.000 libras ou mais "tornou-se uma distração de nossa missão primordial de enfrentar os desafios que o nosso país enfrenta". Entrevistado pela BBC, não quis concordar que a abolição da alíquota máxima tributária de 45% fosse um erro, mas admitiu estava a desviar a atenção de políticas como a intervenção para limitar as contas de energia.

Grant Shapps, o ex-secretário de Transportes, acrescentou, também à BBC na manhã desta segunda-feira, que a reversão foi uma "resposta sensata" porque se tratava de um corte de impostos para "as pessoas que menos precisam".

A medida e o "mini orçamento" de Truss tinham sido alvo de críticas em toda a linha, incluindo do Fundo Monetário Internacional, provocando convulsões no mercado, fazendo disparar os juros da dívida pública e levando a fortes quedas na libra esterlina.

No entanto, ainda este domingo, a primeira-ministra do Reino Unido voltara a defender o seu pacote de corte de impostos e aumento de gastos. Tal como o Negócios noticiou, em entrevista à BBC, Truss admitiu apenas que deveria ter "preparado melhor o terreno" antes de anunciar o programa, na semana passada. Argumentou ainda que o aumento da dívida pública num contexto de alta de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE) foi feito para evitar uma séria desaceleração económica no Reino Unido.

 

Os investidores reagiram ao pacote de cortes fiscais e congelamento dos preços da energia com desconfiança, devido à falta de projeções económicas e planos detalhados para controlar a crescente dívida pública. A volatilidade levou mesmo o Banco de Inglaterra a identificar "riscos reais para a estabilidade financeira britânica" e a intervir no mercado de dívida, comprando obrigações do Estado.

A situação aumentou o risco de uma escalada das taxas de juro que terá impacto nos créditos à habitação, agravando a crise do aumento de custo de vida dos britânicos, já preocupante devido à inflação de quase 10%.

Truss disse que o seu executivo tem "um plano muito claro sobre como proceder este inverno com o plano energético, mas também sobre como lidar com a questão do abrandamento económico". Esta segunda-feira já se pronunciou sobre o retrocesso da medida da alíquota, referindo num tweet que "a abolição da taxa de 45% tornou-se uma distração na nossa missão de fazer a Grã-Bretanha mover-se". O anúncio provocou subidas imediatas na libra esterlina.

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