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PD estabelece cinco condições para formar governo com 5 Estrelas

Com a crise política em Itália oficialmente aberta, o PD já aprovou um documento que estabelece cinco condições para formar um governo de "contenção a Salvini" em coligação com o Movimento 5 Estrelas. O presidente Mattarella inicia consulta aos partidos.

EPA
21 de Agosto de 2019 às 16:35
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Agora que é oficial a crise política em Itália, depois da demissão de Giuseppe Conte do cargo de primeiro-ministro, há dois caminhos possíveis, eleições antecipadas ou um novo governo, cabendo ao presidente italiano, Sergio Mattarella, com base nas pretensões dos partidos, escolher o rumo a seguir.

Nesta fase, a principal via para evitar o regresso antecipado às urnas assenta numa aliança entre o Movimento 5 Estrelas (anti-sistema) e o Partido Democrático (centro-esquerda), cuja direção já estabeleceu condições prévias para um eventual entendimento com os "grillini".

A estrada para esse acordo é longa e estreita, sendo que o intervalo de tempo para a concretizar é curto, uma vez que, segundo escreve a imprensa transalpina, Mattarella só está disposto a esperar até à próxima segunda-feira.

A direção do PD aprovou, por unanimidade, a atribuição de um mandato ao líder do partido, Nicola Zingaretti, para que este negoceie com o 5 Estrelas de Luigi Di Maio um acordo para um governo de compromisso que cumpra a legislatura interrompida com a crise aberta pelo ainda vice-primeiro-ministro e líder da Liga, Matteo Salvini.

Tendo em conta a enorme distância programática e de estilo que afasta PD e 5 Estrelas, Zingaretti fez também aprovar um documento com cinco linhas vermelhas para que tal acordo se possa concretizar: "compromisso e pertença leal à União Europeia" para promover uma "Europa renovada"; "pleno reconhecimento da democracia representativa" em contraponto à democracia direta advogada pelo partido fundado por Beppe Grillo; prosseguir o desenvolvimento com base na "sustentabilidade ambiental"; inversão total face à atual política migratória para uma gestão dos fluxos migratórios assente "no princípio da solidariedade"; mudança nas "receitas económicas e sociais", assegurando condições para aprovar o orçamento de 2020.

PD passa a bola ao 5 Estrelas

As exigências apresentadas pelo PD fazem com que a bola esteja agora do lado do 5 Estrelas. Se os ódios há muito alimentados de parte a parte distanciam estes partidos, o mau momento de ambos nas sondagens e a vontade de não perderem representantes no parlamento (tanto deputados como senadores) num cenário de eleições antecipadas pode ser o cimento que cola uma aliança até há pouco tempo inviável.

Para evitar a "hegemonia de Salvini" que novas eleições poderiam representar – a Liga lidera destacadamente todas as sondagens, e poderia chegar à maioria com um acordo com o Irmãos de Itália (extrema-direita) de Giorgia Meloni -, foi o ex-primeiro-ministro e atual senador, Matteo Renzi (PD), quem marcou a agenda ao defender um compromisso de legislatura entre o centro-esquerda e o partido de Di Maio.

"Maioria Ursula"

Entretanto, o também antigo primeiro-ministro, Romano Prodi, falou mesmo na possibilidade de uma "maioria Ursula", uma alusão ao acordo entre conservadores, socialistas e liberais que permitiu eleger a alemã Ursula von der Leyen como presidente da próxima Comissão Europeia.

A ideia de Prodi passa por juntar o Força Itália (centro-direita) de Silvio Berlusconi a um acordo alargado com PD e 5 Estrelas capaz de evitar o regresso às urnas e aprovar o próximo orçamento sem sobressaltos. Garantir um orçamento que evite nova confrontação com Bruxelas é também a prioridade do presidente Mattarella.

Até aqui o Força Itália tem estado alinhado com a direita radical (Liga e Irmãos de Itália) na defesa de eleições antecipadas já no outono, porém nada é estanque, muito menos na política italiana, pelo que Berlusconi pode mudar de posição nos próximos dias.

Mattarella é todo ouvidos
Aceite a demissão de Conte, o presidente da República já iniciou esta tarde uma ronda de consulta aos líderes dos partidos representados no parlamento transalpino. Hoje Mattarella ouve os partidos mais pequenos, ficando o "peixe graúdo" para quinta-feira, quando o presidente ouvirá o que têm a dizer o 5 Estrelas, a Liga, o PD, o Força Itália e o Irmãos de Itália. 

A primeira missão passa por perceber se entre as diferentes forças partidárias prevalece a intenção de voltar ou não às urnas. 5 Estrelas e PD são os partidos com maior representação no parlamento (foram os mais votados nas eleições de março do ano passado), pelo que um acordo entre estas duas forças deveria ser suficiente para o presidente privilegiar a formação de um novo executivo. 

Mais difícil poderia ser encontrar um nome para propor como primeiro-ministro a levar a votos no parlamento. Renzi afasta qualquer pretensão e Di Maio tem muitos anti-corpos no PD. Mattarella parece disposto a dar o fim de semana para que Di Maio e Zingaretti avaliem a margem para um acordo, esperando uma resposta na segunda-feira. Se 5 Estrelas e PD não reunirem as condições necessárias a um governo de garantia institucional, o presidente deve convocar eleições, presumivelmente para o final de outubro. 

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