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Obama avisa em Berlim que a democracia não pode ser tida como garantida

Obama está em Berlim na última viagem à capital alemã enquanto presidente dos Estados Unidos. Depois de conversar com Angela Merkel e perante o recrudescimento dos extremismos e do populismo, tanto na Europa como nos Estados Unidos, Obama quis lembrar que a democracia não é um dado adquirido.

Reuters
17 de Novembro de 2016 às 18:48
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No último périplo europeu e na sexta e última visita à Alemanha como presidente dos Estados Unidos (EUA), Barack Obama começou por se referir à chanceler alemã, Angela Merkel, como "provavelmente, a minha mais próxima parceira internacional".

 

Obama prosseguiu dizendo que Merkel "foi uma parceira extraordinária" e assumiu que "se fosse alemão poderia apoiá-la" nas legislativas de 2017. Dando seguimento à troca de elogios, Merkel destacou a "capacidade de liderança" do presidente norte-americano que permitiu, entre outras coisas, mudar "a atitude dos EUA" e proporcionar o acordo sobre as alterações climáticas.

 

Barack Obama aproveitou para fazer a defesa da democracia, lembrando que "existe uma tendência para assumir" como garantidos os "nossos sistemas de governo e o nosso estilo de vida. Mas não são".

 

O momento escolhido para estas afirmações não é certamente alheio à vitória de Donald Trump nas presidenciais americanas da semana passada. Nem o será ao crescimento de forças políticas populista em vários países europeus, incluindo na Alemanha. "Se não distinguirmos entre argumentos sérios e propaganda, então temos problemas" resumiu.

 

Num momento de grandes dúvidas sobre a relação custo-benefício da globalização, Angela Merkel e Barack Obama reiteraram o compromisso em relação ao multilateralismo económico mas também político.

 

Ainda assim, Merkel sustentou que "a globalização tem de ser politicamente moldada" para corrigir assimetrias. Já Obama salientou que "o progresso não é inevitável" e, recordando a história da Alemanha no pós-guerra, recordou que "é a adesão aos valores com que nos preocupamos" que pode assegurar um melhor futuro para todos.

 

Obama e Merkel gerem danos antes de Trump assumir a presidência

 

Boa parte das declarações de Merkel e Obama serviram para demonstrar que os interesses de Washington continuam alinhados aos de Berlim e Bruxelas. O contexto é o da eleição de Trump, que durante a campanha colocou em causa o compromisso relativamente à NATO e defendeu políticas proteccionistas sob o lema de "América primeiro".  

 

"Os nossos interesses estão alinhados", salvaguardou a chanceler que lembrou que "precisamos desta cooperação" transatlântica. Pelo seu lado, Obama assegurou o compromisso dos Estados Unidos no que concerne à "nossa aliança com os parceiros da NATO".

 

A este respeito e também sobre a alegada proximidade de objectivos entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, Obama disse sentir-se "encorajado pela insistência do presidente eleito em como o compromisso face à NATO não mudou", acrescentando ter "esperança que [Trump] não adopte simplesmente uma abordagem de ‘realpolitik’".

 

"A minha esperança é que o presidente eleito mantenha uma abordagem construtiva (…) mas que também se levante perante a Rússia quando esta se desviar das normas internacionais", afirmou Obama.

 

Durante este encontro, em que ficou patente a proximidade entre Obama e Merkel – dois líderes que nem sempre estiveram "em sintonia", recordou o presidente norte-americano –, foi ainda realçada a importância de prosseguir negociações para a conclusão do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla original), que podem estar em risco depois das inúmeras críticas de Trump contra todos os acordos comerciais assinados por Washington.

O conflito ucraniano, a guerra contra o terrorismo, designadamente contra o Estado Islâmico (EI) e a guerra na Síria, foram outros temas abordados. Obama aproveitou para agradecer o esforço de Berlim e do povo alemão no acolhimento de refugiados, afiançando que 
"não estão sozinhos a lidar com este desafio que precisa de uma resposta internacional" e de um apoio "mais robusto dos EUA". Ver-se-á como Donald Trump irá lidar com estes temas. 

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