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Merkel tenta acalmar receios de Kiev sobre gasoduto russo que contorna a Ucrânia

A Alemanha e a União Europeia estão dispostas a impor novas sanções à Rússia se o gasoduto Nord-Stream 2 for usado como "arma geopolítica", disse este domingo a chanceler alemã em Kiev, após ouvir críticas do Presidente ucraniano.

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22 de Agosto de 2021 às 19:18
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Falando ao lado de Angela Merkel, após um encontro em Kiev, Volodimir Zelenski reafirmou as críticas ao projeto para transportar gás russo para a Alemanha através do mar Báltico.

O gasoduto deverá entrar em funcionamento este ano e permitirá contornar a Ucrânia no transporte do gás russo, o que representa perdas financeiras significativas para Kiev.

"Olhamos para este projeto apenas na perspetiva da segurança e consideramo-lo uma arma geopolítica perigosa do Kremlin", disse Zelensky na conferência de imprensa conjunta com Merkel.

Na resposta, Merkel disse que a Alemanha concorda com a posição dos Estados Unidos de que o gasoduto "não deve ser utilizado como arma".

Disse também que o acordo alcançado com os Estados Unidos em julho, para evitar a oposição de Washington ao projeto, prevê a imposição de sanções a Moscovo.

"Levamos as preocupações da Ucrânia muito a sério e discuti-as em Moscovo com o Presidente russo", disse Merkel, que se encontrou com Vladimir Putin na sexta-feira passada.

"Nós, na Alemanha, na Europa, imporemos novas sanções se a Rússia utilizar este gasoduto como arma", assegurou.

Em fase final de construção, o gasoduto Nord-Stream 2 passa por áreas marítimas da Finlândia, Suécia, Dinamarca e da Alemanha, antes de alcançar a costa alemã, numa extensão de cerca de 1.200 quilómetros.

O gasoduto permitirá a Moscovo duplicar as entregas de gás natural na Europa, em especial na Alemanha, para 55 mil milhões de metros cúbicos anuais.

O projeto está orçado em 11 mil milhões de dólares (9,4 mil milhões de euros).

O gasoduto está a ser construído pela companhia estatal russa Gazprom, mas tem como investidores financeiros a francesa Engie, a austríaca OMV, a britânica Shell e as alemãs Uniper e Wintershall DEA.

Para impedir que a Rússia "use a energia como uma arma" contra países vizinhos como a Ucrânia e a Polónia, o acordo com Washington prevê possíveis sanções a Moscovo.

O acordo estabelece igualmente que Estados Unidos e Alemanha preparem a prorrogação por 10 anos do contrato sobre o trânsito do gás russo por território ucraniano.

"Ninguém pode negar que os principais riscos com a conclusão do Nord-Stream 2 recairão sobre a Ucrânia", insistiu Volodymyr Zelensky.

O Presidente da Ucrânia acrescentou que o gasoduto será também perigoso para "toda a Europa".

Merkel disse ter pedido a Vladimir Putin, na sexta-feira, a prorrogação do "contrato para o trânsito do gás russo através da Ucrânia", que termina em 2014.

"No final, ver-se-á se o contrato é renovado. Quanto mais cedo, melhor", acrescentou a chanceler alemã, que deixa o cargo no outono.

Perante a afirmação de Zelensky de que até agora só tinha ouvido "coisas muito gerais" sobre a prorrogação do contrato de trânsito, Merkel respondeu que os compromissos para viabilizar o projeto, incluindo eventuais sanções contra Moscovo, vinculam futuros governos alemães.

A Ucrânia, um aliado ocidental, tem sido palco de uma guerra separatista pró-russa no Leste desde 2014, desencadeada pela anexação da Crimeia por Moscovo.

Embora as autoridades ucranianas se mostrem gratas a Merkel pelo apoio contra Moscovo na questão da Crimeia, criticam-na por excluir a questão do gás do âmbito das sanções europeias e insistir na construção do gasoduto.

A este respeito, Merkel anunciou que o seu ministro da Energia, Peter Altmeier, visitará Kiev na segunda-feira, para participar na cimeira da Plataforma da Crimeia e discutir com o seu homólogo ucraniano a questão do Nord-Stream 2.

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