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Merkel critica Schröder por aceitar emprego na petrolífera russa Rosneft

A chanceler alemã teceu duras críticas ao seu antecessor por este ter aceitado um cargo na administração da petrolífera estatal russa Rosneft, empresa sob a qual pendem sanções da UE e dos EUA.

Reuters
21 de Agosto de 2017 às 20:28
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"Não considero que aquilo que o senhor [Gerhard] Schröder está a fazer é correcto", atirou a chanceler alemã, Angela Merkel, em entrevista ao jornal Bild publicada online. As declarações da chanceler germânica feitas esta segunda-feira, 21 de Agosto, dizem respeito ao facto de o seu antecessor e antigo líder do SPD ter aceitado a nomeação para a administração da petrolífera estatal russa Rosneft, onde receberá um salário anual superior a 400 mil euros.  

 

Ao contrário de Schröder, Merkel afiançou que depois de abandonar funções executivas não utilizará nenhuma 'porta giratória' para entrar no mundo dos negócios.

 

"Não pretendo assumir funções na indústria depois de deixar de ser chanceler", disse Merkel que se mostrou "totalmente focada nas eleições e no facto de pretender ser novamente chanceler". Merkel, de 63 anos de idade, garantiu este domingo que se for reeleita para um quarto mandato à frente dos destinos da Alemanha o irá cumprir até ao fim.

 

As duras críticas ao seu antecessor não devem ser dissociadas do clima de pré-campanha eleitoral para as eleições gerais que decorrem no próximo dia 24 de Setembro.

 

No entanto, o tom utilizado pela chanceler estará também relacionado com o facto de a Rosneft continuar ser alvo das sanções financeiras aplicadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos a empresas e personalidades russas na sequência da anexação da península da Crimeia por parte de Moscovo, em Março de 2014.

 

As ligações de Gerhard Schröder a Moscovo não são desconhecidas, muito menos a amizade do antigo chanceler alemão com o actual presidente russo, Vladimir Putin. Escassas semanas após a anexação russa da Crimeia, foi amplamente reportado o abraço entre Schröder e Putin, durante a festa de aniversário do líder russo, realizada em São Petersburgo. Em 2005, Schröder definiu Putin como um "democrata irrepreensível".

 

Pouco depois de abandonar a chancelaria alemã, em 2005, Schröder tornou-se líder de uma comissão de accionistas do Nord Stream, a companhia responsável pelo gasoduto que transporta, via alto mar (Mar Báltico), gás natural da Rússia para a Alemanha. A Gazprom é o maior accionista do Nord Stream.

 

Ainda na semana passada, logo após as notícias que deram conta deste novo cargo de Schröder, o antigo líder do SPD assegurou que a sua vida profissional não prejudicaria o seu partido, que segue a perder terreno nas sondagens para a CDU de Merkel.

 

Para tentar minimizar eventuais danos colaterais, Martin Schulz, candidato a chanceler pelo SPD, veio a terreiro considerar que as decisões de Schröder pertencem à esfera individual, pelo que não devem ser misturadas com as próximas eleições.

 

Schröder não é propriamente um político amado pela opinião pública alemã. Principalmente porque foi nos dois mandatos de Schröder, entre 1998 e 2005, que foram implementadas na Alemanha uma série de reformas económicas, designadamente ao nível do mercado laboral, que representaram um importante deteriorar das condições de vida dos trabalhadores germânicos. Porém, vários analistas consideram que estas reformas foram essenciais para fomentar o crescimento económico alcançado na era Merkel. 

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