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Mattarella inicia segunda ronda de conversações para desatar impasse em Itália

O presidente da República italiana vai ouvir os partidos na próxima quinta e sexta-feira numa segunda ronda de auscultação aos líderes partidários que serve para tentar encontrar uma solução maioritária de governo.

Reuters
10 de Abril de 2018 às 16:23
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Vão prosseguir as auscultações do presidente da República italiana aos partidos com vista à formação de um governo resultante das eleições de 4 de Março. Sergio Mattarella vai realizar esta quinta e sexta-feira a segunda ronda de conversações com os líderes dos partidos com assento parlamentar, informou em comunicado a presidência da República transalpina.

No entanto, não há ainda quaisquer sinais que apontem para que, finda esta segunda ronda, exista um candidato a primeiro-ministro capaz de assegurar apoio maioritário no parlamento italiano. Apesar de caber a Mattarella a responsabilidade de escolher um candidato a chefe de governo, o bloqueio político parece estar para durar em Itália, tal como confirmou a primeira ronda em que o presidente ouviu o que tinham a dizer as forças políticas.

Até agora, Mattarella ouviu mais do mesmo. Luigi Di Maio, líder do Movimento 5 Estrelas, defende ter a legitimidade para chefiar o próximo governo depois de o partido anti-sistema ter sido o mais votado nas últimas eleições.

Por sua vez, Matteo Salvini, presidente do xenófobo Liga Norte, considera que enquanto líder do partido mais votado da coligação de direita (Liga, Força Itália e Irmão de Itália), a força com mais votos na eleição, considera que é ele quem tem a legitimidade para formar governo.

Apesar da aproximação conseguida entre Di Maio e Salvini, visível por exemplo no acordo para a liderança das duas câmaras parlamentares (Deputados e Senado), a rejeição do 5 Estrelas em participar num governo que inclua o Força Itália de Silvio Berlusconi deitou por terra um eventual acordo de governo.

É que o 5 Estrelas foi fundado por Beppe Grillo numa altura em que Berlusconi era primeiro-ministro precisamente para denunciar e combater os vícios incutidos no sistema pelo magnata da comunicação social. Di Maio reiterou esta segunda-feira que existem zero hipóteses de participar no mesmo elenco governativo que o partido e Berlusconi, impedido de desempenhar cargos públicos por ter sido condenado por fraude fiscal.

 

5 Estrelas é o último partido a ser ouvido

Desta feita, e ao contrário da primeira ronda, Mattarella vai ouvir os partidos por ordem inversa aos resultados eleitorais, o que deixa o 5 Estrelas para a última ronda, já ao final da tarde de sexta-feira. Isto pode significar que Mattarella considera que incumbe primeiramente a Di Maio a responsabilidade de tentar formar governo. Ou seja, o 5 Estrelas parece ter assumido uma posição de vantagem face à Liga de Salvini.

 

Já os três partidos da coligação de direita vão juntos ao encontro com o presidente, mantendo pelo menos na aparência uma posição unitária no que concerne ao futuro próximo. Di Maio não se mostra convencido e mantém que a direita não deve ter a primazia na formação de governo já que se "apresentou às eleições com três programas diferentes e três candidatos a primeiro-ministro".

O Corriere della Sera escreve esta terça-feira que o 5 Estrelas "tem a primeira carta para começar o jogo", mas lembra que a possibilidade mais provável permanece um acordo entre os partidos de Di Maio e Salvini. É que, por outro lado, o PD (terceiro partido na eleição) continua a rejeitar contribuir para uma solução governativa, insistindo em ocupar o lugar de maior partido da oposição.  

Se o bloqueio político persistir, Sergio Mattarella será obrigado a convocar novas eleições, que em princípio teriam lugar já depois do Verão. Contudo, este é um cenário que Mattarella pretende evitar a todo o custo, desde logo para não prejudicar a recuperação económica empreendida pelo executivo de Paolo Gentiloni, que permanece em funções.

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