Notícia
Macron: Alemanha "deve mudar" para corrigir disfuncionalidades da zona euro
O Presidente francês considerou que a Alemanha "deve mudar" para corrigir "disfuncionalidades da zona euro" e dar-lhe "o destino que merece", numa entrevista publicada a poucas horas do conselho de ministros franco-alemão.
"Deve mudar, tal como a França deve mudar", sublinhou Emmanuel Macron na entrevista ao jornal Ouest France e ao grupo de jornais alemão Funke.
Para Macron, que preside esta manhã no Eliseu ao 19.º conselho de ministros franco-alemão com a chanceler Angela Merkel, Berlim "deve acompanhar um ressurgimento do investimento público e privado na Europa".
"A Alemanha reformou-se formidavelmente, tem uma economia sólida, mas há fragilidades demográficas, desequilíbrios económicos e comerciais com os seus vizinhos", disse.
"As responsabilidades partilhadas devem dar à zona euro o destino que merece", sublinhou.
"Uma parte da competitividade alemã deve-se às disfuncionalidades da zona euro, à fraqueza das outras economias", analisou o Presidente francês.
Os países "que já estão endividados ficam ainda mais endividados" e "os que são competitivos ficam ainda mais competitivos", destacou.
A Alemanha "fez reformas", mas "beneficia também das disfuncionalidades da zona euro", uma "situação (que) não é saudável porque não é duradoura".
Emmanuel Macron falou ainda dos "mecanismos de solidariedade mais importantes para o futuro" que passam por um "orçamento" da zona euro, "um governo que decide a alocação desse orçamento e um controlo democrático que não existe hoje".
Em matéria de defesa, o Presidente francês disse que apesar de "a Alemanha não ter as mesmas capacidades de intervenção operacionais" que a França, "pode apoiar o esforço europeu".
Trump em Paris para preservar "relação no domínio da segurança"
O Presidente francês justificou o convite feito ao homólogo norte-americano para estar presente no Dia da Bastilha com a vontade de "celebrar uma relação incontornável no domínio da segurança".
Emmanuel Macron explicou que a França e os Estados Unidos têm um "ponto de convergência essencial: a luta contra o terrorismo e a protecção dos interesses vitais, que são no Próximo e Médio Oriente e em África, onde a cooperação com os Estados Unidos é exemplar".
Macron lembrou que os Estados Unidos são "os primeiros parceiros em termos de informação, cooperação militar, e luta conjunta contra o terrorismo", sublinhando que Washington é "também um parceiro histórico".
"É por isso que convidei Donald Trump para o 14 de Julho, para celebrar a entrada na guerra ao nosso lado das tropas americanas há 100 anos, prestar-lhes homenagem e celebrar uma relação que é incontornável no domínio da segurança", afirmou.
"Precisamos dos Estados Unidos da América", reconheceu o chefe de Estado francês.
Macron acrescentou que "o mundo ocidental se dividiu após a eleição" de Donald Trump, e evocou "diferendos", em particular "o desacordo sobre o clima".
"Lamento-o, combato-o com muita força", afirmou, acrescentando que promete fazer "tudo para convencer as cidades, os estados federais, os empresários norte-americanos" a seguirem a França.
"Os americanos vão aplicar o acordo de Paris, quer o Estado federal queira ou não, graças a esta mobilização local muito forte", afirmou.
Macron sublinhou também as "diferenças no comércio", criticando uma "tendência proteccionista (que) reina nos Estados Unidos".
"Gostaria que defendêssemos o comércio livre e justo. O proteccionismo é um erro, é o irmão gémeo do nacionalismo e isso conduz à guerra", sublinhou, garantido ser possível "encontrar espaços comuns para lutar contra práticas inaceitáveis como o 'dumping'".